Description en Portugais de Fez et Marrocos, v. 1590, à traduire et traiter

DESCRIPTION DU MAROC

Copia do emperio e reinos dos Xarifes

NA BERBERIA EM AfRICA, E DE ALGUMAS TERRAS DE NEGROS, COMESSANDO DA EMPERIAL SIDADE DE MARROCOS, CARESSA DO DITO EMPERIO, E SUA COMARCA

REYNO DE MARROCOS CARESSA DO EMPERIO

A emporial sidadc de Marrocos csla pclo scrtam dontro, afaslada do mar as legoas (pe adianle se diram, pera cada huma das partes a onde Ihe caem os lugares maritimus sojeitos ao dilo emperio, & outros que forâo seus que oye senhoream os serenissimus reys de Purtugal por forsa de armas*. He esta sidade de grande serca, antiga e fraca, e mal povoada’, por rezam de aver dentro ncla quintaeys, palmarès, olarias, lavadouros de roupa, & muilos pardieiros, &. tambem pelo muito campo que as casas dos nobres e liomens ricos da terra ocupâo : e, com tudo isto, tem muita génie. Esta situada em terra campina muito salitrada, e scm ncnhum mato. Tem boas saidas pera todas as partes. Esta em roda sercada de serras, humas altas e outras mais baxas. As serras que caem da banda do norte da parte do rio Tansifite, que esta huma legoa da dita sidade, ate a Serra Verde’, entrada do campo da Ducela, catorze legoas de Marrocos, sam todas despovoadas. As serras que da dita sidade qualro. simco, seis & sete legoas delà caem pera a parte do sul, a que chamâo os Atalantes (e por outro nome, os Montes Claros’) sam fertelissimas e muito povoadas de gente branca.

La grandeza e trato da dita sidade e custumes dos moradores delà se nâo trata neste livro, por resâo da mensâo que se delà fas no livro dos custumes desta gente.

CoMESSA A COMARCA DE MaRROCOS,
PERA A COSTA DO MAR PERA A BANDA DA ZaMOR, E PELO SERTÂO.

 

A ribcira de Tansifite esta de Marrocos huma legoa ; e da dita
ponte’ très legoas cslâo huns montes altos’, e antre cle[s] alguns
vales, e por hum deles corre huma ribeira que seca no vcram ; ncla
esta huma figeira e huns aloendros.

E ao pe de huns dos montes esta hum posso d’agoa dosse ; cha-
masse este lugar Menserte”. E em todo este caminho nâo ha agoa.
Ile despovoado e de serras aspcras c h-agosas e de alguma pcnedia.
Fazcm daqui a Marrocos cualro legoas.

1. Serra Verde. Djfbrl cl-.Vklidar. il faut probablement rélablir : « da ponle

2. 11 s’agit du massif du Haut .Vtlas, le dn diio rio. » Co pont existe encore sur
Deren, auquel on donnait autrefois le nom l’oued Tensift.

de Montes Claros à cause de ses sommets 5. Ces monto aiios sont appelés plus jus-

couverts de neige. lement El-Djcbilal, les petites montagnes.

3. Sur ce « livre des coutumes » V. Note

critique, p. 235. 6. Menserte, probablement Menzel uji.’*

II. Da dita ponle, lapsus de rédaction ; campement, gîte d’étape.

 

aW 1^96

 

CAMIMiO DE MENSEUTE PEUA RATE

 

De Mcnscrle a Rate’ fasem sinco legoas. O camiiilio de hum a
oulro lu^ar lie por huma varzia de pcdra miuda e solla, por amtre
monles baxos cm que ha alguns carrascos’, a que os Mouros cha-
luâo sidra ‘; e uos dilos montes e vales que autre clés ha, ha gaze-
las, lebres e algumas aves pera cassa de altenaria’.

Mea legoa de Menscrte pera llale, uo camiuho, esta lium poço
fundo de boa agoa : chamassc Bir Mezada. Huma légua de Bir
Mezada esta huma zauhya e poço ; mea legoa estâo huns edeficios
deiubados e outro poço d’agoa.

Huma legoa destcs pardieiros, esta huma serca em que emteram
os Mouros, a que chamâo Almocovar”, e junto a cle esta hum poço
de muila agoa boa de beber. Cliamào a este campo Alitazelte.
D’aqui a Rate fazem duas legoas. Em toda esta terra nâo ha mais
a”oa que a dita. Ile terra sera lenlia e despovoada.

Rate sam carapos mal povoados; e no mesmo caminho, mdo de
Marrocos pera a Ducella, a mâo direita, esta hum sercado piceno, e
nelc humas figeiras ; c da outra parte do caininho, a mâo escerda
dele, esta huma fonte d”agoa boa de beber, que fas pela terra hum
re-^ato da mesma agoa ; e junto a dita fonte estam humas paredes
dcrubadas, e nelas esta huma amoreira.

CAMINUO DE UATE ATE A SEURA VEUDE

De Rrate como quarto de legoa estâo très ribciras, huma da outra
pouco mais ou meuos de tiro de espimgarda. No verâo sccâo se as
ditas ribeiras. Chamâosse Asti, Bairas, e Brûlis^ Mea legoa destas

 

Rate. El-Gl,aït Lji\ Cf. Edrisi, l. I, 3. Siéra. SjJ,–, buisson de jujubier sau-

^,Q^ ” vage (Zhyphus Lotus).

■i. Carrascos. Les dictionnaires portugais !,. Cassa de altenaria. la cliasso au vol,

 

!C le faucon.

 

donnent pour ce mot des sens différent
On trouve dans Roquette : « yeuse, chêne ^ Almocovar. El- Mokobar jùH , cime-

vert » (jjrobablemcnt de l’arabe : kcrrouc’

 

lièrc.

irrcs issues

 

|î._} i). Mohais le définit : « Buisson lou- 0. Il s’agit du faisceau de 1

jours vert, de tronc et de bois très dur. >, du djebel el-Akbdar, mais aucun des trois

Cf. Carrasqaeira. V. la note suivante. noms n’a pu être identifié.

 

DESCRIPTION DU MAROC 245

ribeiras, a mâo escerda do caminho, sobre dous outeiros, estâo dous
castelos despovoados que se dizem Girando’. Destes dous casiclos
huma legoa, a huma e outra miio do caminlio, estâo 1res caslelos
dcscrtos, que se dizeui Olede Xor iSc Olede Lenbrane”.

Iluma legoa destes castelos, a huma e outra mâo do caminho,
estâo sobre dous outeiros altos dons castelos despovoados que se
dizem Danbranne. Neste sitio ha muita agoa de possos boa para
beber e de pouca altura.

Mea legoa destes castelos sobre hum outciro esta hum caslelo
despovoado que se diz Métal’.

Duaslegoas deste castelo esta a Serra Vcrde. Todoo dito caminho
de Rate ate o pe da dita Serra Vcrde lie por huma varzia muito
cham e larga de pedra miuda e solta, por mco de montes baxos, nos
cuaeys e nos vales que amtre eles lia, ha muitas gaselas e algumas
aves ; agoa (como a atras dita*). Nâo tem Icnha. Tem alguns carras-
cos ‘. Ile terra toda despovoada, &pouco antes que chegem a Serra
Verdc, se acaba a varzea e se caminha por montes altos e de pene-
dia, ate chegar ao pe da dita Serra Verde da parte de Marrocos.

 

SERRA VERDE

 

A Serra Verde se passa em menos de huma ora. Nasse no mesmo
campo da Ducella, e corre ao comprido dcle de qualro aie sinco
logeas. Ile alta e fragosa, de penedia e monlanha. Dizem cstar de
Marrocos catorze legoas.

 

CAMPO DA DUCELLA

Da outra parte da dita Serra Verde, do pe delà, comossn o campo
da Ducella.

A Ducella lie hum campo fermoso c muilo châo, sem arvore nom
monta : pora a parte de Safim, corre vimtc c sinco Icgoas. Poi- sima

I. Gurrando fst à ino kilomiires de 3. Mtal se trouve à la kilomètres de

Merrakcch. Giierando ; celte dislance est sensiblomcn

3. Olfde Lenbrane, Oulad Amran. Les celle donnée par l’auteur,
casfeios rfesertos dont parle l’auteur devaient 4. C’cst-i-dire ; bonne à boire.

ilre des kasbas ruinées. 5. V. p. 244, notes 2 et 3.

 

246 iSgô

(la terra ha imiilas pidrinciras soltas, piccnas. Ile campo de muito
ti-igo, scvada, milho, senleo, & de muilas criaçôeys de gado vacum
e miudo, & camelos (cavalos). He este campo muito povoado de
alcaimas’eaduares. Ha nelle muita cavalaria, &dizem que, de baxo
da terra, ha muitas covas, a que chamâo sisternas, d’agoadas invcr-
nadas, & mais de cualro sentos poços, a que chamâo Escaum, de
muita agoa c boa e de pouca altura. Em huns tiram agoa com a
mâo; e noutros, melendosse huma peçoa dentro, com a mào dâ
agoa ao que esta fora ; e noutros a tirào com corda e hum caldeirào
comprido de couro, a que chamâo delu’. Bebe desta agoa o gado e
cavalos: c, por nâo aver antre os homens brlgas, quem primeiro
chega, primeiro daagoa a seu gado. Nâo ha em toda esta terra lenha,
servense da bosta de boey. Levantâose no dito campo no verâo
grandes pes de vento, que levantâo o po muito alto, em nuves tâo
serradas que escuressem o dia. A parte do norle, no dito campo,
esta huma zauhya em que dizem estar emterrado hum Rey que foy
d’Azamor zauhya he como hermida. Junto a dila zauhya se fas
todas as tersas feiras huma feira, a que, na aravia, se chama Alci-
mis’, em que se acha muito gado vacum e miudo, camelos, egoas,
cavalos, tapctes, mel, manteiga, trigo, sevada, sentco, mllho, lam,
& outras cousas que na terra ha.

Do pe da Serra Verde, prinsipio do dito campo da Duccla, ate
o cabo dcle pera a parte de ]Mugurus”, dizem que sâo sinco Icgoas,
& do llm do dito campo a Mugurus, lazcm duas legoas. Por onde
da Serra Verde ate Mugurus sâo setc, & de Marrocos ao dito Mugu-
rus, sâo vinte e huma legoa.

1 . Akaimas, pluriel portugais du mot, de Mtal.

4. La plaine de Mugurus serait à idcn-
arabe : el-khaïma *«-i-l, tente. liCer avec celle qui portait au temps de Mar-

raol le nom do Er-Roummàn et qui est située

2. Delu, en arabe _)i, outre en cuir. dans le Tamesna (Cf. Massig.non, p. 190).

3. Alcimis. El-Khemis (le jeudi). On sait Elle aurait été appelée Mugurus, corruption
qu’au Maroc un grand nombre de lieux de Magliraoua, en souvenir de chérifs de
sontdénommésd’aprcslojourdela semaine la famille des Maghraoua qui y auraient
où se tient le marché. D’après son nom, le résidé. Cette identification no semble pas
marché en question aurait dû se tenir le très solide. En effet l’itinéraire décrit par
jeudi et non le mardi, comme l’indique l’au- l’anonyme portugais est tout entier au sud
leur. Cf. Carie Flotte i.e Roquevaire, de l’oned Oumm er-Rbia et par conséquent
Soukcl-Ivhcmisà3okilomètresN.i//iN.E. au sud du Tamesna.

 

DESCRIPTION DU MAROC afiy

No fini do campo (la Ducela, pera Mugurus, estâo hiins outeiros
nâo muito allos ; passandoos emtrasse cm terra campina, c no cabo
delà, que he pouco, pelo pe de moules baxos, corrc liuma vaizia
larga de mea legoa em comprido ou pouco mais.

E, a borda da mesma varzia, sobre hum outeiro, ao noroeste a
mâo esccrda, esta hum casfelo despovoado que se diz Tissa, e a
varzea se cliama Lasoar. Do cabo da dila varzea ate Mugurus, he
terra cham e alta em partes, e em outras malosa.

 

Mugurus he hum campo grande, sercado em roda de outeiros
baxos d’area e pedra miuda e solta. Ha neste campo sincocnta poços
d’agoa ou mais, toda boa de beber.

No mesmo campo, indo de Marrocos, a mâo dereila sobre hum
momte, esta huma vila despovoada ; e a huma ilharga do mesmo
câopo, a mâo cscerda dele, estâo huns cdeficios dcrubados: dizcm
que forâo banhos do tempo de Mira Mammolim Almanzor’. Dcsle
dilo campo a Mazagam fazem seis legoas, e lodo o caminho he
terra d’altos e baxos, matosa toda e sem nenhum arvoredo. Tem
alguma agoa de poços ; &:, pela conta das legoas alras, sâo de
Marrocos a Mazagam vinte e sete legoas”; & pelo caminho dos adu-
ares que eu vi, dizem que sam de Mugurus a Mazagam nove legoas,
terra mais matosa que lavradia, de outeiros e vales.

De Mugurus hum dia de caminho de almahalla^ de pela menhani
ate as quatro oras da tarde, estâo huns possos d’agoa boa de beber;
diseuse Albertenahym’. D’Albertenahym maisdcmcajornada, estâo
outros poços d’agoa dosse que se dizem Adenos. De Adcnnos
menos de mea jornada, estâo os aduares de Moley Drama, parente
do alcaide Cabus que foi alcaide d’Azamor. Sam de 80, 70, 100,
60, 5o, 120 moradores’. Antes que chegcm a eles, a mâo escerda

1. Mira Mammolim Almanzor, pour : caine marchant avec ses impedimenta fait
l’émir el-Moumenin el-Manso\ir. en moyenne de 30 à ai kilomètres par jonr.

2. La dislance de Merrakech à iMazagan !x. Alberlenahym, pour : lîl-fJir en-Xaïm
(igo kilomètres) serait, avec la legoa de

5 555 mètres, de trente-cinq leçjoas. (T* -^.. ‘ ‘”^ ”°” P””””

3. Ilum dia de caminho de almahalla, à 5. D’aprèsccttc énumcralion, ces douars
une journée de mahalla. Une troupe maro- seraient au nombre de six.

 

a/18

 

1696

 

do caminho, estâo duas zauhyas ; c, aonde os aduares cstâo, por
huma varzia comprida e larga, por meo de montes baxos, corre
huma ribeira de muita agoa, & sobre a mesma ribelra, sobre hum
dos montes, esta huma vila despovoada que se chama Sorlacaor’.
Em toda a terra de Mazagâo aie Mugurus, tirâo agoa dos possos
pela maneira siginte. Na boca do poso tem très paos baxos, dous
em haste’^ e hum atravessado’, e nele esta huma roldanna e huma
corda comprida, & em huma ponta da corda esta hum delu, e a
outra ponta preza no pescosso de hum asno ; e, quando querem
tirar agoa, andâo com elle de fora pera o posso, e, quando a tirâo,
andâo do posso pera fora’.

AZAMOR E TODA AQUELA COSTA nO MAR

Azamor he huma sidade meam, antiga e fraca : esia fumdada da
parte de Mazagam% a quem os Mouros chamâo Al Boreja\ a borda
d’agoa de hum rio’, em que emtra a mare très legoas por ele ariba.
A boca da barra he estreita e tem alguns baxos d’area que a fazem
pirigosa. O rio he mais largo em humas partes que em outras ; e na
em que he mais, tera largo ate seis sentos passos. Entram no dito
rio galiotas e navios de setenta moyos de pâo^ Dise este rio d’Aza-
mor, e nele, por sima da sidade huma legoa, onde se diz o canen-o,
morrem muitos saveys”. Très legoas d’Azamor rio ariba, esta hum

 

1. Sorlacaor, peut-être Sour ol-AsoLiar,
le rempart des remparts.

2. Em haste, comme des bois de lance,
c’est-à-dire : plantés verticalement.

3. Atravessado, c’est-à-dire : horizonta-
lement.

4. Cette manière de puiser do l’eau est
encore usitée dans les puits ayant une
certaine profondeur.

5. Daparte de Marayam, c’est-à-dire que,
par rapport à l’oued Oumm er-Rbia, la ville
d’.Vzemmour se trouve du mémo côté que
Mazagan, ou plus simplement : que Azem-
mour est sur la rive gauche et à l’embou-
chure de l’oued Oumm er-Rbia.

6. AlBoreja : El-Bridja, le fortin.

7. L’oued Oumm er-llbia.

 

8. Le moio vaut 828 litres, 726. L’auteur
donne souvent au mot pào le sens do
blé.

9. L’alôse, appelée au Maroc chebcl J..^,
en portugais savel (plur. saveis), est très
abondante dans l’oued Oumm cr-Rbia. Le
roi Jean II en i48i avait imposé une rede-
vance annuelle de 10 000 aloses aux indi-
gènes riverains du fleuve, en reconnaissance
de sa suzeraineté. « Por cuyo sinal o rccoidie-
cimenlo vos daremos em cada liuum anno
dez mil savees carreguados em vossos na-
vios… » Arch’wes de la Torre do Tomba,
Gai’cta s. Maç.o i. n” 7. Léon mentionne
également l’abondance de ce poisson appelé
en italien lasche [laccia], mot que Temporal
traduit a tort par : gardon. Lkon, f. 97. Il

 

DESCRIPTION DU MAHOC 2^9

passo que se diz o vao do Duque. Disem que, no tempo em que
Azamor foi da coroa de Purtugal’, o duce de Bragansa’ passou o
dilo rio a cavalo por aquela parle, de que ainda oje lem o nome
que atras fica dito. D’Azainor mea legoa rio ariba, a huma e a
ouïra parte dele, ha duas aldeas a borda dagoa. As casas sâo de
palha, e os povoadores delas sam gente pobrc.

 

PADRASTOS

Senhorcam Azamor 1res outciros. de que dizcm que se podc
bâter, huns mais ciiegados a sidade que outros. O primciro esta da
banda do mar, ao sudueste, tiro de mosqete da sidade; chamase
Side Buxe’, nome de hum cassis” queno mesmo outeiro esta emler-
rado cm liuma zauhya. O scgundo outeiro se diz o do Facho,
porque nele o punhâo os nossos, no lempo cm que Azamor foi da
coroa de Purtugal. Esta o dito ouleiro da sidade tiro esforsado de
espéra ‘pela terra dentro, da banda de Marrocos. terseiro dizem
que esta d’Azamor hum cuarto de legoa, da banda de Mazagam ;
dise o outeiro de Mazagam.

Ha em Azamor, sem faltarem nunca, a fora a gente da terra,
duzentos soldados de guarnissâo, atiradores todos ; muda el Rey
esta génie de seis em seis meses e em mais e em menos tempo.

Tem o alcaide d’Azamor, da gente que Ihe el Rey^ da e ele lie
obrigado ter sempre viva, seys sentas lansas, mas quâodo corre a
Mazagâo”, leva sempre mais lansas que ajunta. Leva tâol)cm con
siguo parte dos arcabuzeiros que eslâo na terra, de guarnissâo.

Très legoas d’Azamor pcra Marrocos, ao quarto do sudueste,
eslâo em hum campo, juntos huns a oulros cm roda, catorze possos

est probabln que les alôsos qui remonlaicnt 3. Padrastos, hauteurs dominant la ville,

an printemps l’oued Oumm er-Rbia se trou- li. SideBuxe, Sidi Bon Cliaïb.

valent arrêtées à l’endroit nommé o caneiro 5. Cassis, marabout,

(la digue) et étaient prises en grand nombre. 6. Espéra, pour espltera, cspôce de ca-

1. La ville d’.\zemmour, occupée par les non.

Portugais en i5i3, fut évacuée par eux 7. Da gente que Ihe el Rey, c’est-à-dire :

en décembre i54i- Cf. /■■’ Série, France, de troupes du makhzen.

I. I, p. 189. 8. Les cbérifs entretenaient à. \zemmour

3. Le duc Javme de Bragance. Cf. des forces considérables pour tenir en

Mab.mol, t. Il, ff. 54, 50. respect la garnison portugaise de .Mazagan.

 

25o 1596

d’agoa salobra, & cm iiico dcles esta oulro posso d’agoa dosse.
Chamâoso os poços de Doin Pedro. Nâo acliey em Xpâos nom cm
Mouros quem nie dixese a rezào porque tinliâo este nome.

 

A. EMXOVIA

 

Da outra haiula do rio d’Azamor, toda aquola terra, asi ao longo
do mar ate liuina sidade despovoada que a borda da marinha esta,
que se diz Annafee”, dose legoas d’Azamor, e pela terra dentro ate
o campo de Temessenna e pera a parte de Micinnes, se cliama a
Enxovia, e outras terras ainda que tem outros nomes”. Hos abita-
dores destes campos chamâosse Alarves ; vivem pelo campo em
tcndas de lam negra a que chamâo alcaymas ; e quâodo as ditas
tendas estâo algumas juntas, diseuse aduares. He gente esta amlre
os Mouros a mais omrada, gente de qem os reys de Berberia se
prezâo de desender deles*. Amtre estes homens, ha gerassôeys a que
eles chamâo cabildas, e antre elas humas mais antigas e nobresque
outras. Toda esta terra he muito povoada das ditas tendas, e muita
fertil de todos os mantimentos, trigo, sevada, milho, senteo, e de
toda a criassâo de gado vacum e miudo, e camelos. Tem muito
mel, manteiga, sera, lamealguns hgumes, favas, (Untilhas), grâos,
cicharos. He terra abundante de agoas de possos e fontes, ainda que
sâo poucas. E tem debaxo do châo algumas sisternas d’agoa das
invernadas que corre dos montes aos vales. Tambem em partes
he terra muito matosa, em que ha muitos bichos, lioeys, onsas,
adibes, c outros e muitas aves^ He toda terra de muita cavalaria,
jiorque nain ha liomom c|uc nào tenba hum cavalo. e lansa, e
adarsa.

 

I. Emxovia, Ech-Chaoïiia. Cf. i” Série, comprend le pays des Chaonia et d’aiitros

France, t. I, p. 72, note 2. districts de noms dilTérents, mais qiio

t. /Inna/ee pour El-.\nfa ; c’est sur son l’ensemble est désigné par l’apprllalion de

emplacement que s’élève aujourd’hui Casa Chaouia.

Blanca. Celte ville est à 80 kilomètres /|. Ces rois de Berbérie qui se vaiilcnl de

d’.-Vzemmour. leur origine arabe sont les chérifs de la

3. L’auleurvoutdire que loute la région, dynastie saadienne.
dans les limites qu’il vient d’indiquer, .”). Cf. Doutïic, Mcrrakcch, pp. 46-/17.

 

DESCRIPTION DU MAROC 25 1

 

COSTA ASIMA D AZAMOR

 

Scte legoas dcle, esta hum espigào de terra e podra que emtra
pouco no mar; disse o Cabo de Camello’.

Do cabo asima dito, sinco legoas dele, e dose d’Azamor, esta a
sidade de Anafe ao longo do mar ; esta despovoada.

Quatro leguoas de Anafe, e nove do Cabo do Camelo, e dezaseis
d’Azamor, esta huma resaca d’area que o mar fas pela terra dentro,
sercada em roda de rochedo de meam altura, em que os Alouros
pooem suas sentinelas, por causa dos de Mazagâo irem aquela parte
fazer algumas emiradas. Chamasse isto aqui a Favala^

COSTA ABA\0 DAZAMOR PERA SIAZAGAM

Em meo do caminho de antre ambas asidades, mêle a terra
pouco ao mar huma ponta que se chaîna o Cabo de Sossor.

De Mazagâoao Cabo de Sossorhe humalegoa, ts: duas [a] Azamor,
& nove ao Cabo do Camelo, catorze [a] Anafe, & dczoito a Favala.

COSTA ABAXO DE !\IAZAGÂO

Huma legoa dele, a liorda da mariuha, esta Iiuma sidade meam,
aiitiga e despovoada ; tem huma torre alla ; chamasse Titi *.

Huma Icgoa de Titi e duas de Mazagâo, emtra no mar huma
ponta que sediz o Cabo Bramco .

Très legoas do cabo Branco c quatro de Titi e sinco de Mazagâo,

 

I. L’expression cosla asima d’Azamor, de Casa Blanca. Sur les modifications surve-

le littoral au-dessus d’Azamor, désigne le nues à Fedala V. /” Série, Pays-Bas, t. II,

littoral au nord d’Azamor (Azcmmour). p. 383, note 3. La description de la côte

L’auteur considi’re qu’il remonte la côte comprise entre Azemmour et Fedala tcn-

d’Afrique, en allant vers le nord et, par drait à l’aire croire que cette région relevait

contre, qu’il la descend, en allant vers le du royaume de Merrakech.
sud. /,. Titi pour Tit à 10 kilomètres de

3. Sur ce point V. carte du Tamesna Maiagan.
(i/jurf Massicnon, p. 311. 5 Le Cap Blanc, appelé par les indigènes

.3. Favala, pour Fedala ilUaJ, se trouve Djorf el-Asfar (le Cap Jaune), est à 5 kilo-

à 30 kilomètres, soit à 4 lieues portugaises, mitres, soit à l lieue portugaise, de Tit.

 

952

 

iBgfi

 

jnnin ao mar, csla huma casa comprida o baxa : cliamasc a Casa
do Cavaleiro’.

Scie legoas da Casa do Cavnloito, &. dcz ao Caljo Braiico, c onze
a Titi, e dose de Mazagâo, esta liiim rio que se diz o rio Daer”.
Emtra pela tera dentro — diguo a mare — por ele ariba très legoas,
e dizem que entrâo nele galiotas a fazer aguada.

Dezoito legoas de Mazagâo, & dezassete de Titi, & dezasceis do
Cabo Branco, & treze da Casa do Cavaleiro, & seis do rio Dacr,
esta huma ponta que dizeni emtrar no mar mea legoa. Cliamûsse o
Cabo de Cantim.

Vinte legoas^ de Mazagâo, dezanove de Titi, dezoito do Cabo
Branco, quinze a Casa do Cavaleiro, & oito ao rio Daer, e seis ao
Cabo de Cantim, esta junto ao mar huma comcavidade cubcria por
sima, e nela huma fonte de agoa doce e boa para beber, em que
dizem que podem très ou quatro galiotas fazer aguada. Chamasse
a Fonte Cuberta.

Vinte c sinco legoas de Safim esta Mazagâo.

^’0 CAMINHO DE MAZAGÂO l’EIlA SAFIM

De Safim mea jornada de hum homem de cavalo pera Marrocos,
duas legoas aredada do mar, em hum campo razo, grande e Icr-
mozo, esta asemtada huma sidade mal povoada ; dizem ser corao
a metadc d’Evora ; chamasse Midinna ‘. Tem pam, agoa, e cria-
çôeys de gado.

 

I. Ce point rst mentionne dans De Vtii:-
rige Co/om(t. Il, p. 91). 11 est ainsi défini ;
Tour commandant une petite vallée (pro-
bablement une petite lagune) à deux lieues
environ au S.-O. du Cap Blanc. Cf. /™
Série, Pays-Bas, t. Il, p. 65.

‘j.. Le rio Daer est la lagune d’.Vver

jVjl. « Daer un lago, mas no rio, como
vulgarmentc le Uama, que haze la mar en
csla Costa, corricndo nordesto suduesto en
Ircinta y dos grados y medio. » Cespedës,
p. 3/i5. Cette lagune est située entre les
villes de ïit etd’OuAlidya, à -o kilomètres.

 

soit à 12 legoas, 6 du Cap Blanc. Une com-
pagnie française tenta en 1631 d’y créer un
port (i'” Série, Franco, t. III, 1621). Les
Provinces-Unies cherchèrent également en
iBsi’i à en obtenir la concession pour y fon-
der un établissement, mais elles échouèrent
dans leur dessein (/” Série, Pays-Bas, t.
m, ifi:!.’!). Sur ce point, cf. Fk. de S.
Juan df.i. Puerto, Mission hislorial de
Mnrrueros. p. A6i-

‘A. Erreur d’addition ; ce chillVe doit être
augmenté de quatre unités ainsi que ceux
qui suivent dans l’alinéa.

4. Midinna, El-Medina el-Gharbia. Sur

 

DESCRIPTION Di: MAROC 253

 

DE SAFIM ATE HAHAHA

 

Costa abaxo de Safiin, duas Iei,’oas delo, cmtra no mar liuma
poiila do lerra que se diz o Cabo do Canaveal.

Duas legoas do cabo ariba dilo, e quatro de Safim cosia abaxo.
esta no mar, pegado na terra, buni illieu picciio que se diz o Cabo
da Gus ‘, e tainbeni se diz a ilba de Santa ►ï .

Oilo legoas de Safim, e seis do Cabo do Canaveal. e cuatro da
illia de Sanla-Grus, esta a ilba de Mogodor; esta metida no
mar : nào se pode ir a ela senâo em barcos, ou, na baxa mar, gente
de cavalo. Dizem ter em si a dita ilba agoa dosse e cassa de aves.

Junto a Safim, dizem estar huma ponla de lerra que cmtra no
mar, a que cbamâo o Cabo Branco, îs: pela aravia Xerfe Hiude”;
tem em si possos dagoa dosse.

 

De Safim a Ilaliaba, iascm des legoas, c do Mogodor duas, e do
Cabo da Gus seis. c do Canaveal oito, e de ïili trinla e cuatro. e
de Mazagâo trinta e sinco, & de Azamor trinta e sete, & de Anale
quarenta c nove. Todas estas legoas sam ao longo da cosla.

TORNANDO DE MARROCOS l’ERA SAFIM PELO SERTAM

Rio abaxo de Tansifite, a borda d’agoa dcle, de qimzc ate dezas-
seis legoas de Marrocos pera Safim, esta buma povoassâo dcspo-
voada que se diz a Mamora de Safim”.

Des legoas de Marrocos, no caminlio dclc pcra Safim, eslào
quarenta possos ou mais d’agoa dosse boa pera beber.

Quatro legoas destos possos, e catorze de Marrocos, esta hum

cette ville abnndonni.’c à la suite delà famirio une confusion, au moins de nom, avec la

dei52i,cf. Damiào DE GoE9,t. II, f. 97VO; ville du Cap-de-Ghir appelée aussi Santa

Di>UTTi;, Merrahcch, p. ig3 ; Flotte de Cruz.

RoQUEVAiRE, carie du Maroc ; Marmoi., t. 2. Xerfe Hiude, Djorf cl-Ihoud.

II, f. 61 ; Massigson, p. 201. .3. Cette « Mamora de SaC », appelée

I. Cabo da Gus, à identifier avec Goz plus loin « Mamora de Tensift » (p. 267),

apud Massignoji, p. 2o3, carte da Douk- semble devoir être identifiée avec Soucira

kala. L’anonyme portugais semble faire el-Kedima.

 

25/i 1^196

lu-^ar de aie vinlc visinlio[s] que se cliama Mugidem ‘, que quer

dizer naravia gatb.

Duas legoas de Mugidem, e dezasseis de Marrocos, estam humas
ala”-oas d’agoa do que fazem sal ; chamâosse as Salinas”.

Das Salinas duas legoas, & dezoito de Marrocos, por autre ser-
ras corre hum valc de mea legoa de comprido ; chamasse o Canal.
No cabo deste vale comessa o campo da Ducela.

Corre este dlto campo pera Safim ao largo sinco legoas. Ha neslc
dito campo alguns possos d’agoa dosse e boa, e tambem ha algumas
sisternas d’agoa da chu va. No cabo deste campo, e na emtrada de
outi-o cuberlo todo de piorno,a que chamâo o RetamaP, estâo oito
ou nove possos d’agoa dosse ; & no mcsmo campo do Rétamai ha
muitas sisternas d’agoa da chuva : e do prinsipio do Rétamai a
Safim sam duas legoas.

De Marrocos a Safim sào vinlc e sinco legoas.

 

SAFIM

 

Safim he sidade picena e fraca : esta na costa do mar. Tem hum
castello a que na aravia chamâo al Kassava; e nas portas delas
estâo as armas reaeysde Purtugal. Na muralha da parte do mar tem
alguma artelharia. Nâo tem el Rey nesta sidade guarnissam, mas
esta sempre nela hum alcaide por el Rey com gente de cavalo da
mcsma terra: e antre ela ha alguma de fogo, cousa pouca.

 

Des leo-oas de Marrocos — digo de Safim — costa abaxo, esta hum
porto de mar que se diz Hahaha”. Todo o caminho e pela terra den-
tro, he muito povoada de povoasôeys de taipa c pedra miuda ensossa,
e outros de pedra e harro ; chamâosse adixares”. He terra de muito

1. iUu;/(V/i;m. K1-Mou.IJ.m1..|U *IÀ:^I. L.- I-nince. l. I, p. iTiQ, note /, et p. ilil.
mot cjafo (lépreux) en est la traduction !,. //n/ia/ia pour Halia. Ce nom est celui
g^3j.j(._ d’une tribu dont le territoire est compris

2. A identifier avec la selAlia de Zlma entre Mogador et Agadir. Il n’y a aucun
qui figure sur l’itinéraire actuel de Safi à port du nom de Hahaha (Haha).
Mcrrakech, à 90 kilomètres de Merrakech. 5. Adivares. pluriel formé à la portugaise

3. Rétamai, sur ce lieu V. /™ Série, du mot arabe dcchar (hameau).

 

DESCIUPTION- nu SIAROC 255

pâo, e criassâo de todo o gado e de camelos. Torn limita ao-oa,
azeite, lenha. De Ilahaha ao Cabo de Ge’, dizem que sâo dezasselè
legoas ; & em todo o camiiilio nûo lia povoassâo maritima nom no
sertâo. ïoda a terra he muilo povoada dalcaimas e aduares, e de
muita cavalaria. Ile terra de muito pâo, sevada, e criassâo de todo
o gadoe de camelos, e de muita agoa.

De MaiTocos a Halialia, disem cpie sam vinte e sinco legoas.

DE MARROCOS PELO SERTAM ^

Sinco legoas de Marrocos, caminho dereito pera a parte do sul,
eslam humas serras allas a que chamâo os Atalantes, e tambem se
dizem os Montes Claros. Dizem que correm estes montes do rio de
Sanahaa que comfina com Gine, passào por Marrocos, e por levante
ate as Indias Orientaeys ‘ que sâo da coroa de Purtugal*.

[atalantes ■’]

Sâo estes ditos montes muito povoados\ Agente que os abita he
branca; chamam se Berbères. Abita esta dita gente em lugares e
casas de pedra miuda e barro e taipa’, a que chamâo adixares. Nos
altos da serra em que nâo cay neve, sâo chaos e fermosos campos.
Asi eles como os valcs que antre os ditos montes ha sâo fertclissimos
e frescos. Tem muito c muilo fcrmoso trigo, sevada, senteo, milho,
graos, favas, chicliaros, gado vacum e miudo em abundansia, cava-

I . Cabo de Ce, Gap Guir ou Ghir. suivre immédiatement, et que le texte

a. Peloserlam, c’est-à-dire : itinéraires de intermédiaire doit être reporté au livre des

Merrakech dans des direclions autres que coutumes,
celles de l’Atlantique. 5. Onarétablien titrecemotquel’autcur

3. Indias Orientaeys. L’auteur veut peut- a raturé après l’avoir écrit en marge,
être désigner l’Abyssinie. La conception G. En marge de ce passage, l’auteur,

d’une chaîne continue traversant l’Afrique revoyant son manuscrit, a écrit la mention

de l’ouest à l’est était conforme aux idées suivante, en la surmontant d’une croix :

géographiques de l’époque. Este capitula qe Ira ta da serra se hadepassar

Ix. En marge de ce passage l’auteur, ao livra dos costumes desta gente. V. Note

revoyant son manuscrit, a écrit : Ao pee critique, p. 235.

deste capitolosed de por Gumete. Il faut 7. En marge de ce passage, l’auteur a

entendre par là que le paragraphe consa- écrit les mots suivants qui ne pouvaient

cré à Gumete (Aghmat), et les suivants, prendre place dans le texte : Casas sobra-

bien que l’auteur ne l’indique pas, doivent dadas, janellas e logias por baxo.

 

356 iSqG

los, mulas, burrus ; tem muitas fruitas, uvas, româs, marmelos,
fin-os, noses, amcndoas, passas, mel, manteiga, sera, lam, (azcile
muito c muito born), cde todas as aves. Tem iiiuila madeira de nogal
& de leres’, que be buma arvorc cpie nâo du nenbum frullo. Nos
mais altos montes desta serra cay no invenio muita nove, & no
verâo cm algumas partes delcs ba algiima, ainda que be poucu.

No alto de binn destes montes em meo da serra, em campe razo,
estâo huns edefisios de grande sercuito, amtigos e dirubados ; dizem
ainda que nâo ba quem se acorde em que tempo foi que foi buma
sidade que se cbarnou Constantinna”.

Uo trajo destes bomens be andarem sempre nus, combuns pan-
nos quelbe cobrem suas vergonbas. Trazem bunssimtos^ largow de
couro dobrado e cuzido a dous cabos, e neles bun punba[l] fcito
cm meo arco, a que cbamâo gumia’*, e dous e très dardos na mâo ;
tirào os d’aremesso. A gedelba da cabessa Irazem-na comprida, e so-
bre ela buma pessa de pano de lam branca e râla, comprida e eslrcila ;
cbamâo Ibe curzia”. Tanbem tem a roupa que antre elcs se usa.

 

A MESMA SERKA

 

A gente desta serra be traidora, mal obidiente a seu Rey ; levan-
lanse muitas veses, cm humas partes delà mais que noutras. Disem
que avéra antre des ate vinte mil atiradores. Antre os ministros
que esta gente tem, tem buns a que cbamâo morabitos amtre des,
avidos por bomens santos, e eu cbamolbe diabos, a quem des tem
muito respeito. Antre os que ba na serra, ba bum que sempre esta
alevantado contra d Rey. Obedessenno os Berbères, e defendenno

1. Leres, Iranscrlpliou du mot arabe 3. Simios. avec le sens de : baudriers.

• \li , . , • ., A. Gumia i««i. Ce poignard recourbé est

JJXI cl-arez, cùdre ; mais cette essence ii •””””” *>^_y • y 6

encore aujourd’hui l’arme des habitants de
est presque inconnue dans le Haut-Atlas, , .

,.,,,,■ •/.’ ces régions.

et ce mot doit plutôt designer une variété ” j^

1 – ■ 5. Curzia. 4j j 5 . Sur ce vêtement V.

de genévrier. “• ^”‘-“- ^Jj^

2. Il faut peut-être identifier cette ville supra p. 209, note /(.

avec la Constantine actuelle. On se rap- 6. A côté de ce titre il y a une croix ;

pelle que, dans la pensée de l’auteur, les ce signe indique que, dans la pensée de

monts Atalantes (Haut-Atlas) traversaient l’auteur, le paragraphe qui suit devait être

l’AIVique, du Sénégal aux Indes Orientales. renvoyé au Livra dos costumes desla (jente

 

DESCniPTIOX DU MAROC 25„

e a ele acodem com ^jarte das garramas’ da serra. Oulros descm a
Marrocos, e pagào a el Rey suas rendas que sâo as garamas. Se
estes homcns qiserem, podem escuzar de ser a Marrocos, i^ela abun-
dansia que tcm de todos os niantiinentos.

Estes montes nâo se podem cmtrar por causa de serein asperos
e altos, e a subida pera eles ser por antre penbas junlas que fasem
o caminho estreito e trabalhoso, que nam se pode subir por ele,
senam a fio buma pessoa diante da outra e a pe ; & de sima, com
dardos e pedras, fasem muito danno aos que a an d’enlrar. Pela
parte por donde a passâo pera algumas partes do reino, e tambem
donde os moradores delà desem a baxo, sâo partes fracas ; que ao
nâo serem, todos se alevantarâo ; e nâoperjudicâo a os lugares da dita
serra fortes”.

 

Très legoas de Marrocos • pera a parle desta serra, esta buma
sidade grande antiga, mea caida e mal povoada ; cbamassc Gumete.
Tem pao, agoa & gado.

duminete”

Dose legoas de Marrocos, ao pc da mesma serra, esta buma vila
que se chama Duminete. Esta ncla bum alcaldc del Uey com gente
de cavalo. Ile terra de muito triguo, azeile, e muito vinbo, fruitas,
&agoas. llefresca; tem criassâo de gado. Vivem nclamuitosjudcus^

[Caminho de Markocos i>eiva Sus]

[USSEEE NaFIs]

Très legoas de Marrocos esta bum rio que se diz Ussefe Nafis’.

I. Garramas, gharama, conlribution. avant la construrtion de Mcrrakecli par

a. Le sens paraît être : Quant aux villages Youssef ben Tachean, lechef des Almoravi-

de la montagne qui sont naturellement forts, des. Agl.mat fut détruite par les Béni Mcrin
on les laisse tranquilles. 5. Demnat. V. p. 26/I, note 2.

3. En marge de ce passage l’auteur a 6. A la suite du paragraphe consacré à

cent : Gumete se ha de escrever atras. Sur Duminete devaient être placés c.nix rela-

la place où devait être intercalée la descrip- tifs à Algarar, à Rio Tassaute (V. p. a6o) et

tiondeGumete(Aglimat),V.p. 355, note !,. à Rio dos Ncgros (p. 261), ainsi qu’il ré-

i. La ville de Aglimal est située à sultcdelaliste récapitulalive(pp. 264-265).
20 kilomètres au sud de Mcrrakech ; elle fut 7. Ussefe Najls, Assif en-Nefis en bcr-

la capitale de l’empire sous les Almohadcs, bère ; Oued en-NeCs en arabe.

 

De Castries.

 

II.

 

258 iSge

Em todo o caminlio de Marrocos a este rio, a liuma e outra parle

da estrada, e pela terra dcntro, ha muitas povoassôeys de taipa,

antigas, derubadas e despovoadas. Dizem que forâo do tempo dos

Romanos.

FRUOA

Duas Icgoas do rio asima dito, & sinco de Marrocos, ao pe dos
Montes Claros, esta huma vila que se diz Fruga’. Tera aie sincoenta
vizinhos.

ADIXAR

Très Icgoas de Fruga esta hum adixar que tera ate trinla vlslnhos.
Passa por ele huma rlbeira que se diz Ussefe MeP, que na aravia
qucr dizcr Rio Salgado ; esta o dilo adixar de Marrocos oito legoas.

ALQEIRA ■

Très legoas do dito Adixar e onze de Marrocos, esia huma forta-
Icza que cl Rey Moley Amete fes dos ahssesses ate as ameas. E tem
nela de contino guarnissâo (porque lie passo primcipal na serra);
chamasse Alqeira.

A resâo porque cl Rey tem guarnissâo nesta fortalesa, scndo pela
terra denlro e tào perlo de Marrocos, he porque esta em hum paço
ao pe dos Montes Claros, no mesmo caminho de Marrocos e Sus*,
aonde os Rerberes dos dilos montes podem abaxar abaxo e atalhar
o caminho, que nào passara de hum pera outro reino cousa que

eles nào tomem.

Nestasmcsmas serras^ sâo as cazas todas sobradadas ; c uosallos

 

I. 11 y avait an xvi” siJ’clc, d’après
l’auleiir, un bourg et une forteresse de ce
nom ; c’est le bourg qui est mentionné
ici. V. p. aSg.

X. Ussefe Met, Asslf el-Melb, la rivitTO
salée.

3. Alqeira, El-Kchcira. Cf. oued el-Ka-
hira, carte Flotte de Roqurvaibe.

/l. Il s’agit du chemin ofriciel,Triq el-
Makhzen, conduisant de Merrakech au Sous

par le col de BouibAoun ùj^’-Ji’ Ce défile.

 

par lequel transitait tout le commerce du
Sous avec Merrakech, avait une grande im-
portance. Les gens du Sous ayant pris vers
iGoa l’habitude de passer le Doren au dé-
dié .le. Ta.ljedacht C.Jlii« (l”ul-étro :
Tagodasl), Moulay xVhnied el-Mansour s’en
alarma et écrivit à son fils Moulay Abou
Farîis: « Le passage par Tadjedacht rui-
nerait notre pays, s’il devait devenir défi-
nitif… » Ll-Oufrâni, p. 399.

5. En marge de ce passage est inscrite

 

DESCRIPTION DU MAUOC SSû

pousa a gente, e nos baxos recolhem de noite toda a sorte de gado
(tirado porcos qe por lei o iiào comem), per amor do frio, que tam-
bem nâo lie picena causa pera a gente viver scmpre sam como lie’.

 

Pouco mais de liuma legoa d’Alqeira e dose de Marrocos, esta
outra forsa que se diz Fruga’ ; nâo tem mais que a gente da terra’.

BEN TANUTE

Très legoas de Fruga e qimze de Marrocos, esta hum lugar de
pouco mais de trinta vizinlios ; chamasse Ben Tanule\

BEN TACAMUS

De Rentanute très legoas e dczoito de Marrocos, esta liuma for-
taleza muito forte que se diz Ben Tacamus ‘.

Todos os lugares do rio Ussefe INafis ate Ben Tacamus cslào no
caminho de Marrocos pera Sus, ao longo da Serra dos Atalantes ;
& lie toda terra de muito pâo, gados e agoa.

Desviado dos Montes Atalantes caminho adiantc de Ben Tacamus.
quatro legoas e vinte e duas de Marrocos, esta a serra de Ba\bom \
marco d’antre os reynos de Marrocos e Sus. De huma voila que
esta mesma serra de Baibom fas a Marrocos sam dose legoas.

(E fasendo o caminho de Marrocos pera Sus pelos Montes Claros,

la mention suivante, surmontéed’unecroix : 3. La phrase est incomplète ; il faut en-

Islo se passara aos cuslumes da gente. tendre : « Elle n’a pour garnison que les

1 . La phrase entre parenthèses se trouve gens du pavs. »

placée en interligne à partir du mot 4. Ben Tanute. Imi-n-Tanout.

jat/o, mais nous pensons que celte addition 5. Ben Tacamus, Bou Takemonsl ; les

de l’auteur serait mieux à sa place après le ruines de ce bordj se voient encore sur la

mot /no. Le sens de ce passage assez con- route oITicielle de Merrakech h Taroudant.

fus serait ; « Et dans les étages supérieurs V. Gentjl, Explor. au Maroc, p. 1 13.

logent les gens, et en bas ils recueillent (j. Cette serra de Baybom (Bonibaoun)

toute espèce de bétail à cause du froid, h n’est autre que la crête du Dcrcn (chaîne

l’exception des porcs dont ils ne mangent des Ida ou Mahmoud), où se trouve le

pas d’après leur loi, ce qui également ne col de Ferq er Rihii qui est suivi du défdé

contribue pas peu à rendre ces gens robustes auquel seul s’applique le nom de Boui-

comme ils le sont. » baoun. Cf. Seconzac, p. 253 ; Gentil,

2. Il s’agit de la forteresse de Frouga. p. 132.

 

26o i^O^»

très dyas de caminlio, aolerseiro, a horas de quatio oras, se devi-
dcm os relnos de Marrocos e Sus corn huma serra de amiravcl
allura e aspereza. O caminho por cla ha muilas voilas, e sobesse a
ela huma pessoa dianle de ouïra, caze a galinhas, e do alto delà,
da banda de Marrocos, por causa das muilas e nujilo allas serras,
nâo descobre terras ; da banda de Sus, descobre, por antre huma
veiga comprida comprida (sic) e larga, muito povoada de adixares,
ortos de muilas fruitas, terras lavradyas e muila agoa corrente por
sima da terra. Chamasse a serra marco de antre ambos os reinos o
nome de hum ryo gram de muita agoa que se dis Taa Soltan ‘.)

 

Des legoas de Marrocos pera a parte de levante, esta huma
vila que se chama Algarar ‘. ïem os reys de Berberia nela muitos
cavalos, c potros, e egoas parideiras. Gaze todos os alcaides de
Marrocos tem pera aquela parte pedassos de terra, de que colhem
muito pâo. Passa por meo da dita vila hum (rio grande por baxo
da terra, feito ha mâo; chamasse Asseqea Gedida’); say” do no Tas-
saute. Esta seqea he a que dizem que el Rey mâodou abrir aos
Cristâos, quando se perdeu Espanha, prometendolhe as liberdades
se Ihe acabavâo a dita obra. Depois que a viu feila, por conselho
dos sens, negandolhe a palavra, os deilou na serra. Dizem que desta
gente prossedem os Azuagos\

lUO TASSAUTE

Duas legoas de Algarar e doze de Marrocos esta o rio Tassante ‘.

I Tua Soltan. Tal cs-SoUhan, la source que aujourd’hui à une plaine.

du sultan. Ce point, qui marque le gîte 4- Asse>iea Gedida, Es.Seggma d-Dje-

d’étape du défilé de Bouibaoun, est très dida, le Nouveau Canal, nom do.me à une

voisin de celui appelé Nzala .\rgana. La dérivation de l’oued Tessaout et-fahtia

« grande rivifcre ayant beaucoup d’eau » faite pour les irrigations

 

dont parle l’auteur est l’oued Ait Moussi

 

5 . Say, elle sort, c’est-à-dire : elle est

 

2. Sur la place de ce paragraphe et des dérivée de l’oued Tessaout.

deux suivants V. p. 267, note 6. Ces trois 6. Azuagos, Zouaoua, et probablement

paragraphes se rapportent à la route du les Chebanat, tribu qui passait pour avoir

ïadla, tandis que Aghmat et Demnat sont une origine chrétienne.
plus au sud, au pied des pentes du Deren. 7. H s’agit de la branche sup.neure de

3. Atyarar, El-Gucrar; ce nom s’appli- l’oued Tessaout, désignée sous le nom de

 

DESCRIPTION DU ■\tAROC 26 1

 

lUO DOS NEGUOS

Quatre legoas do rio ïassaute pera a parte de Levante, esta o rio
dos Negros’, desasseis legoas de Marrocos. Todas estas terras sâo
abundantissimas de pâo, gados, agoa e camelos.

DECLARASSÂO DOS REINOS

COM QUE O REINO DE MARROCOS CARESSA DO DITO EMPERIO PARTE’*,

& DOS NOMES DOS MARCOS ■\ E DAS LEGOAS

QUE DE CADA HUM DELES HA A SIDADE DE MARROCOS.

PERA FES

Da sidade de Marrocos, cabessa do dito emperio c mais reinos a
ele sojeilos, ao rio Morrobea, marco do dito reino e do rcino de
Fes, sam vinte e sinco legoas.

Da ponte do dito rio a Marrocos, sam dose legoas*.

PERA TEDULA

Da dita sidade de Marrocos ao rio dos Negros, marco do
dito reino e da pruvinsia de Tedula, a que tambem chamâo reino,
sara dezasseis legoas.

 

Da sidade de Marrocos a serra de Baibom, marco do dito reino

oued Tcssaoul cl- Foukia. La distance de remarquer que l’auteur oublie de donner

Merrakech à l’oued Tessaout est beaucoup les distances de Merrakecb aux provinces

trop faible; elle est en réalité de g5 kilo- de Tamesna et de Draa. En ce qui concerne

mètres. le Draa, il réparera plus loin cette omis-

I. Rio dos Neyros, oued cl-.Vbid. La sion. Cf. p. 2(18 et note ô.
dislance indiquée est beaucoup trop faible; 3. Il faut entendre: Limites qui les sc-

l’oued el-Abid se trouve à ii5 kilomètres parent duroyaume de Merrakecb.
de Merrakecb. /|. Dislance trop faible. Le point de

■t. Il faut entendre : Royaumes (pro- l’Oumm cr-Rbia le plus rapprocbé de

vinccs) de l’empire du Maroc limilropbes Merrakecb se trouve au nord de cette ville

du royaume de Merrakecb. — II est à dont il est distant au moins de 16 leijoas.

 

262 i>^9^>

e do reino de Sus, sam vinte e duas Icgoas. Da dita serra a Mar-

rocos por outra parte sâo doze legoas.

De Marrocos ha serra dos Atalantes, e ryo Ta Sollan, marco do
dito reino c de Sus, sam dezanove legoas.

 

NUMERO DAS LEGOAS

QUE DA SID.VDE DE MARROCOS HA A CADA HUMA DAS SIDADES,

VILAS, CASTELOS, MARITIMAS E NO SERTÂO, E ASl SERRAS

E RIBEIRAS QUE TEM DENTRO EM SUA JURDISSAM.

COMESSANDO DA SIDADE DE MARROCOS FERA A COSTA DO MAR

PERA A PARTE DE MAZAGAM.

Rio Tansifite. — De Marrocos ao rio Tansifitc, ha huma legoa.

Mensertc. — De Marrocos aos montes Menserte, sâo qualro
legoas.

I\ate. — De Marrocos aos montes Rate, ha nove legoas.

Serra Verde. — De Marrocos a Serra Verde, sam catorzc legoas.
D’aqi esta logo a Ducla.

A Ducela. — De Marrocos ao cabo do campo da Ducela, ha
dezanove legoas.

Tissa. — De Marrocos a hum castelo despovoado que se diz
Tissa, sam dezanove legoas e quarto.

Mugurus. — De Marrocos ao campo Mugurus, ha vinlc e huma
Icgoa.

Poços de Dom Pedro. — De Marrocos aos poços de Dom Pedro,
sam vinte e duas legoas.

COSTA DO MAR DAZAMOR PERA ANAFE

Azamor. — De ^larrocos ha sidadc de Azamor, ha vinte e sinco
legoas.

Cabo de Camelo. — De Marrocos ao ca1)o do camclo, sam trinta
e duas legoas.

Anale. — De Marrocos a sidade de Anafc, ha Irlnla c sotc legoas.

A FavaUi. — De Marrocos a emseada da Favala, sam quaremla
c huma legoa.

 

DESCRIPTION DU MAROC 203

D AZAMOR COSTA ABAXO PEUA f?\FIM

Mazagam. — De Marrocos a sidado de Sam Jorge, a que chamâo
Mazagâo, ha vinte e sete legoas. Fasendo o caminlio por Azamor,
e dereito, sani vinte e sinco legoas.

Titi. — De Marrocos a sidade de Tite dcspovoada, sam virile e
oito legoas.

Cabo de Sosor. — De Marrocos ao Cabo de Sosor, lia vinle c
seis legoas. Este cabo esta antre Azamor e Mazagâo, eni mco do
caminho na costa.

Cabo Branco. — De Marrocos ao Cabo Branco, ha vinte e nove
legoas.

Casa do Cavaleiro. — De Marrocos a Casa do Cavaleiro, sâo
trinta e duas legoas.

Rio Daer. — De Marrocos ao rio Daer, ha Iriiita e nove legoas.

Cabo de Cantim. — De Marrocos ao Cabo de Cantim, sâo cua-
renta e sinco legaos.

Fonte Cuberta. — De Marrocos a Fonte Cuberla, ha sincocnla
e huma legoa.

Safim. — De Marrocos a Safim, por este caminlio du costa do
mar, ha sincoenta e seis legoas.

Safim. — De Marrocos a Safim, caminlio dereito pelo scrtâo, ha
vinte e sinco legoas.

Midina. — De Marrocos a sidade de Midina, ha vinte c huma
legoa.

Cabo do Canaveal. — De Marrocos ao Cabo do Canaveal, sâo
vinte e sete legoas.

S. Crus. — De Marrocos ao Cabo da Gus e ilha de S. >^, sâo
vimte c nove legoas.

Mogodor. — De Marrocos a iliia de Mogodor, sâo trinla e très
legoas. ao longo da costa, caminho dei’cilo.

De Marrocos pelo serlâo a cada hum dos cabos c illicus atras
ditos huma legoa mais ou menos, virâo a ser a cada hum dcles as
legoas que ha de Marrocos a Safim, porque caem lodos eslos lugares
antre Safim e a Hahaha, que de cada huma destas duas .sidades ha a
Marrocos vinte e sinco legoas.

Ilahaha. — De Marrocos a Hahaha, sam vinte c sinco legoas.

 

364 i>’>9fi

 

Mamora. — De Marrocos a Mamora de Tansifite, lia qinze legoas.

 

CAMINHO DE MARUOCOS PERA MAZAGAM

Ribciras. — De Marrocos as très ribeiras Brûlis, sâo nove legoas
e mea.

Olede Xor. — De Marrocos a très castelos desertos que se dizem
Olcde Xor, Olede Anbrane, sam des legoas e mea.

Danbrane. — De Marrocos a dous castelos despovoados que se
dizem Danbrane, sâo onze legoas.

Métal. — De Marrocos a bum castelo despovoado que se diz
Métal, sâo dose legoas.

 

CAMINHO DE MARROCOS A SAFIM

Poços. — De Marrocos aos poços sâo des legoas.

Mugidem. — De Marrocos a bum lugarinbo que se diz Mugidem,
sâo catorze legoas .

Salinas. — De Marrocos dezaseis legoas, estâo as Salinas.

Canal. — De Marrocos dezoito legoas, esta o Canal.

Ducela. — No cabo deste vale comessa a Duccla, c corre ao
largo ate Safim sinco legoas ; e sam de Marrocos vin le c tics.

Retainal. — E corre logo ate Safim duas legoas o Uelamal ; e
sâo vin le e sinco legoas ‘.

[CAMINIIO DK MARROCOS PELO SERTAm]

Gumete. — De Marrocos a sidade de Gumete, sâo très legoas.
Duminctc. — De Marrocos a vila de Duminete, ba dose legoas’.
Algarar. — De Marrocos a vila de Algarar, sâo des legoas.
Rio Tasaute. — De Marrocos ao rio Tasaute, sâo dose legoas ^

I. Ici s’arrôtc l’itinéraire de Mcrrakccli de Marrocos pclo scrlam.
à SaC ; c’est pourquoi, se conformant à la 2. V. supra p. 2.^-.

division adoptée par l’auteur, on a restitue 3. Distance beaucoup trop faible. V. ci-
en titre au-dessus de ce qui suit: Caminhn dessus p. 260, note 7.

 

DEPCRrPTION DU MAHOC 366

Rio dos Negros. — De Marrocos ao rio de Negros, ha dezasseis
legoas.

RioMorbea. — De Marrocos ao rio Morbea,samvinteesinco legoas.
Morbea. — De Marrocos a ponte do rio Morbea, ha dose legoas.

CAAIlXnO DE MARROCOS FERA SUS

Ussefe Nafis. — De Marrocos ao rio Ussefe Nafis, ha très legoas.

Fruga. — De Marrocos a vila de Fruga, sam sinco legoas.

Adixar. — De Marrocos ao Adixar, ha oito legoas.

Alqeira. — De Marrocos a fortaleza d’Alceira, sam omze legoas.

Fruga. — De Marrocos a fortaleza de Fruga, ha dose legoas.

Bemtanule. — De Marrocos a Ben Tanute, sam qinze legoas.

Bentacamus. — De Marrocos a Ben Tacamus, ha dezoilo legoas.

Serra de Baibom. — De Marrocos a Serra de Baibom, sam vinte
e duas legoas.

Serra de Baibom. ^ De Marrocos a huma volta que a dila serra
fas, sam dose legoas.

Serra Alalante. — De Marrocos ha Serra Atalante e ryo Ta
Soltan, sam dezanove legoas.

 

De Marrocos a Sale, ha cuarenta e sinco legoas.

A sidade de Sale esta na costa do mar ao Disem que a cerca

delà lie mayor que Marrocos, mas o que esta povoado, disem que
sera menos as qualro partes. He sidade anticissima, porcjue disem
que, quando os reys de Berberia comessarâo, o primeiro disem
que fundou esta sidade e asenlou nela e a fes a cabcssa do emperio.
Depois, outros reys a mudarâo pela lerra dcntro a ssidade de
Marrocos, onde oje esta. Tem a dila sidade huma bahya grande e
fermosa, abrigada aos ventos. Disem que caberâo nela tresenlas
gales, e que tem fundo pera navios grossos. Passa por meo da
sidade, antre cla e a Alcassava’, hum rio grande largo e fermoso\
que atravcssa os campos de Sale.

r. La description de la ville de Salé est royaume de Merrakcch.
donnée à cette place, parce que, comme a. Alcassava, à identifier avec Rbal.

le dira plus loin l’auteur (\. p. sGfi), 3. Cotte « grande rivière large et belle »

cette ville rentrait dans la juridiction du est l’oued I3ou Kegraj.-.

 

266 i596

Eno mesmo rio’, porbaixoda sidade treslegoas^, esta hum porto
despovoado que se diz a Mamora% cm que emtrâo navios e caberâo
gales. Ile porto fresco, tem fruitas e disern que esteve neste lugar,
em tempo de que se nâo acordâo, huma fortaleza de Crislâos ”.

Com a gente da terra e a de fora, avéra na dita sidade” aie quatro
scntos allradorcs. Tem artclharia. Tem pouca gente de cavalo. Ha nos
campos desta sidade grandes soveraeys e muita madeira pera fazer
navios”. Sâo campos al)undantcs de pâo, carnes, agoa c Hgumes.
Tem muito algodâo, arroz que o sameam na mcsma terra. Vivem
antre os Mouros muitos Judeos e sâo ricos.

A dita sidade de Sale esta no reino de Fes, mas el Rey tomoulha
epola dehaxo da jurdissâo do reino de Marrocos, e a ele da a obi-
diensia, e quem hera cerne’ de Marrocos, liera alcaide de Salle. (E
agora tirou el Rey este custum, tem alcaide da mâo de el Rey.)

Mamora. — De Marrocos ao porto da Mamora, sam cuarenta e
oito legoas.

NOMES DAS Sm.VDES

VILAS E CASTELOS, POVOADOS, E DESPOVOADOS, nO UELNO DE MAIUIOCOS,
COMESSAiNDO NA COSTA DO MAK.

 

A sidade d’Anafe, despovoada. — A sidade d’Azamor, povoada.
(Na jurdissam” de Marrocos esta a sidade de Mazagam, da coroa de

1. E no mesmo rio, lapsus de rédaction ; il furent obligés de se rembarquer prûcljiitam-
faut rétablir : E na mesma costa. ment, on perdant plus de quatre mille

2. Distance trop faible ; El-Mamora est hommes, tant tués que noyés. Cf. Maii.moi.,
h a5 kilomètres environ duport de Salé. t. II, ff. 80-83.

3. La ville d’El-Mamora avait été cons- 5. Na dita sidade. Il faut entendre Salé
truite par Yacoub el-Mansour (i 18/1-1199) et non EI-Mamora.

pour défendre l’embouchure de l’oued (i. La forât de El-Mamora, située dans

Sebou. Elle fut détruite sous le règne du les environs de la place de ce nom, était rc-

roi mcrinide Saïd el-0uaUassi(i!i-l-l^o6). nommée pour les bois qu’elle fournissait à

4. Sous le règne de Dom Manuel, roi lamarine. C’était une des raisons pour
de Portugal, le 24 juin i5ij, l’embouchure laquelle cette place était convoitée par les
de l’oued Sebou avait été occupée par Dom puissances européennes.

Antonio de Aoronha qui y avait élevé une 7. Cerne, hakem, V. p. 9, ri, note 8.

forteresse ; mais les Portugais, attaqués le 8. L’auteur veut dire que la ville de

10 août de la même année par les forces Mazagan, dépendant de la couronne de l’or-

duroi mcrinide Mohammed(BeniOuattas), tugal, fait partie du royaume de Merrakcch.

 

DESCIUPTION DU MAROC 267

Purtugal.) — A sidade de Titi, despovoada. — A sidadc de Safim,
povoada. — A illia do IMogodor, despovoada. — A ilha de Sanla
Crus, despovoada. — A sidade de Ilahaha, povoada. — A sidade
de Sale, povoada. — O porto da Marnora, despovoado.

 

SIDADES NO SEKTAM

 

A emperial sidade de Marrocos, cabessa do reino e do emperio.
A sidade de Gumele, povoada. — A sidade de Midina, povoada.
— A sidade Constantina nos Atalantes, arasada.

 

VILAS NO SERTAO

 

Sorlacaor, despovoada. — Ben Tanute, povoada. — Algarar,
povoada. — • Fruga, povoada. — Duniinete, povoado. — A Ma-
rnora de Tansifete’, despovoada.

FORTALEZAS NO SEKTÀO POVOADAS

Alccira, povoada. — Fruga, povoada. — Ber^iTacamus, povoada.
— Hum adixar, povoado. — Mugiden, lugarlinliopicenno, povoado’.

CASTELOS NO SERT.VO DESPOVOADOS

Castello fsic). — Tissa. — Girrando. — Girrando ‘sir\ — Olede
Xor. — Olede Embrane. — Olede \or (sicj. — Danbrane. —
Danbranne fsic). — Métal.

ADIXARES

Afora todas estas povoassôeys, lia nas serras muilos adivarcs de
pedra, povoassôeys humas grandes e outras picenas.

 

Nos campes, ha muitas alcaimas e aduarcs ; ha aduar que he

I. Sur cetic localité rli’peuplôe appplôn tion suivante: Ao pe de Miigidcm se ha de

aussi « Mamora fie Safi )>, V. p. 353, por as legoas que ha de Marrocos ha ha serra

notn 3. Gelauhi, marco dele e da pruvinsya de Dara,

3. En marge de la liste des caslelos des- que esta colada corn huma crus na tnarrjeni da

povoados qui suit, l’auteur a écrit la mcn- banda de dcntro. V. p. 255, note 4.

 

268 iSge

conio huma sidade. & he a terra miiito povoada dcles, que taôbcm
lie muha causa de nâo aver muitas sldades e vilas. Dizem que
Moley Abed el-Melece Maluco ‘ quizera fa/.cr povoar a terra de
lus:ares”, mas nâo llio consemlirào.

 

DECLARASSAO DAS LECOAS
QUE O UEINO DE MARROCOS TEM DE COMPRmO E DE LARGO

rcino de Marrocos tem de comprido cuarenta e sete legoas,
que correm do rio Morobca, que esta ao nassente, ate a serra de
Baibom, ao lugar domde a passâo pera Sus, ao ponente.

Tem o ditoreino de largo cuarenta e duas legoas, que correm de
Mazagaô ao norte, pela serra dentro dos Atalantes, aonde se
devidem (na serra, sobre a ribeira Ta Soltan ‘ao sul), os reinos de
Marrocos Sus e provinsia de Dara ‘.

FERA DARA ^

Da dita sidade de Marrocos a serra Gilauhy^ marco do dito

 

1. Maluco. On sait que c’est sous ce nom,
déformation de Malek, que le chérif Abd
el-Malok était connu dans la Chrétienté.

2. Ce projet de faire habiter des villages
h des populations nomades rentrait bien
dans les idées novatrices de Moulay Abd
el-Malek. « On le soupçonnait, dit El-
OuFBÀNi, d’avoir du penchant pour les
choses nouvelles », p. l38.

3. Ta Soltan L’auteur avait écrit, lors
d’une première correction, Ncjis, et il sem-
ble moins invraisemblable d’indiquer le
cours supérieur de l’oued en-Nefis comme
la limite commune des trois royaumes:
Morrakech, Sous et Draa.

!^. Passage surchargé de corrections et
qui reste assez obscur. L’auteur a modifié
son texte primitif qui était le suivant:

 

se devidem Marrocos, Sus e Dara.

5. En regard de ce paragraphe et dans
la marge, l’auteur a mis une croix pour
indiquer que ce passage est à reporter à
une autre place. V. p. 261, note 2 in fine.

6. La distinction entre les différentes
chaînes du Haut Allas établie par l’auteur
n’avait pas été faite avant Foucauld. L’ano-
nyme portugais, au cours de sa description
et tout en se servant de désignations peu
précises, a parfaitement distingué une
première chaîne allant du pays de Haha au
col qui conduit de Morrakech au Draa. Cotic
première chaîne, qui sort de limite entre
le royaume de Merrakech et le royaume de
Sous, s’appelle Adrar-n-Deren(!a montagne
du Deren). La chaîne qui la prolonge à
l’est et qui sépare le royaume de Merrakech

 

DESCRIPTION DU MAROC 269

reino c da pruvinsia de Dara, a que tào bein chaniam reino,
sa m cinze legoas.

E na mesma serra esta o primeiro lugar do dito reino de Dara,
que lie liuuia fortaleza, do nome da mesma serra’.

 

REINO DE SUS

Serra de Baibom. — De Marrocos a serra de Baibom, que esta
antre o dito reino e o de Sus, sam doze legoas.

De Marrocos aonde esta o marco dantre ele e o dito reino de Sus
na mesma serra de Baibom, lia vinte e duas legoas.

De Marrocos a cabessa de Sus, lia trinta legoas.

CARESSA DE SUS

Trudante. — A cabessa do reino de Sus he a sidade de Trudante ;
nâo lie grande. castelo delà, a que na aravia chamâo alcassava,
lie muito forte. Tem muita gente, e a mais delà sam Berbères. He
terra de muitos gados. pâo, e fruitas e agoa. Nesta lerra nâo ha
moeda de cobre.

 

(Antre Trudante e a Praliya” seys legoas de Trudante, esta huma
alcassava grande que se cliama Azaro.)

(lu royaume de Draa est connue sous le kccli. Le verso du folio 42 est occupé par

nom de Tizi-n-Guelaoui (Gilauhy). Cf. un brouillon de lettre de la mi5me main que

FouCAULD, pp. Q.’Î-qS. celle qui a fait les additions et les correc-

I. Cette forteresse est encore nppelcc lions au texte. V. note critique, pp. 234-

aujourd’liui Kasbet el-Guelaoui ou Dar cl- 235.

Guelaoui par les indigènes du versant nord 2. Ce lieu, d’après les distances qui le

de la montagne, les Guelaoua ; ceux du repurent, doitêtreidenlificaveclavillebasse,

versant sud, les gens du Telouat, l’appellent la marine, d’Agadir, appelée aujourd’hui

Imaounin. Cf. Foucalld, p. 85 ; Castries, Fonti. On trouve dans De Vaerige Cotom{l

pp. i5-iG. — Ici (folio 42 du manuscrit) II, p,g5)cettcindication de pilote :« Si vous

finit la description du royaume de Merra- naviguez du cap de Gcer [il s’agit du cap pro-

 

1696

 

A PRAIIYA

 

Dose legoas de Trudanle (e seis de Azaro) esta hum porto de mai
que dizem a Prahya, lerra de pâo, carnes, eagoa.

 

CABO DE CE

 

Tire de bombarda da Prahya (ao pe de hum alto monte) esta
huma fortalesa que se diz o Cabo de Ge*, porto de muito pescado.
(Foi de Purtugal’. No monte alto esta huma fortaleza de Meures,
feita por eles). Os homens desta parte sâo Alarves, gente de cavalo.
Ile terra de pào, gado e agoa ; pasa por ele o Rio de Sus.

[ans]

(Doze legoas de Trudante, pcra a parte dos comfmcs dos Atalantes,
em terra campina, esta huma alcassava que se diz Ans. Os alcaidcs
das ditas alcassavas sâo postos da mào dos visoreys de Sus.)

 

Vinte legoas da cidade de Trudante, na costa do mar, esta huma
sidade a parte do ponenle, grande, fraca, e de muita gente, que
se diz Messa. Ilalravcssa a dila sidade por mco delà hum rio grande
do mesmo nome, que say dos Montes Glaros ‘. Nâo ha nesta terra
gente de gerra. Mas ha muito pâo, gado e agoa, e os homens desta
sidade sa m pcscadores.

premenlditelnondelavilleportantcenom], règne de Dom Manuel, fut assiégée et

h Prahya, côtoyez la terre du cap ». C’est à prise par les troupes des Cliérifs le ra mars

tort que dans une lettre de Coy aux Etats- i54i. Cf. i” Série, France, t. I, p. loG.

Généraux, en date du 18 mars 1606, ce lieu 3. L’oued Messa (Masl), appelé en amonl

de Prahya a été identifié avocla plage voisine oued Oulghass, et à satôte oued Tazerouall,

de Safi. Cf. I” Série, Pays-Bas, 1. 1, p. i3ti. ne descend pas des Montes Claros (llaul-

1. Cabo de Ce, c’est aujourd’hui la ville Atlas), mais de cette chaîne à laquelle les
d’Agadir. géographes ont donné le nom de Anti-

2. La ville du Cap-de-Ghir ou Santa Atlas et qui est appelée par les indigènes
Cruz, fondée par les Portugais sous le djehcl Tazerouall.

 

DESCRIPTION DU MAROC

 

271

 

Quinze legoas de Messa, na costa do mar, esta huma sidade
cm que réside scmpre hum alcaide por el Rey. Chamasse Tagauus.
Terra de todos os mantimentos, criassôeys de gados, e agoa.

 

RIO DE SANAHA

 

Da dita sidade de Tagauus ao rio de Sanaha’, que lie cm terra
de negros, nào ha povoassâo maritima nem no serlâo. Hc terra de
muita gente de cavalo. Tem pouco trigo e sevada e carnes ; tcm
camelos que comem, e tamaras ; (e bebem leite de camelas, e
comem no cozido^ com leite raiz que esta debaxo da terra, que se
chama tagarrinho’, com o leite). Nâo obedcssem a el Rey ; antre si
tem seus xeces a que dâo obidiensia. Sâo todos salteadores, que he
a causa de nâo terem mamtimcntos. Chaînasse esta gemte Alarves
da Sara”. Sam de Tagauus ao dito rio sento e cuaremta legoas. &
do mesmo rio a Alarrocos, sam dusenlas e simco legoas.

 

Costa abaxo de Tagauus^ cuarenta legoas dele ao ponente, esta
o caslclo d’Argim ‘. Argim he da coroa de Purtugal.

SERRA DE BAIUOM

A serra de Baibom, inarco dos reinos de Marrocos e Sus, corre

I. Tagaims, Tagaoust. CVtait au xvi” Tagarnina. On trouve dans le dialecte de

siècle la plus grande ville du Sous après l’Alemtejo le mol Tagarrina avec le sens

Taroudant. Cf. iMassicnon, p. 194. de : chardon comestible.

3. Rio de Sanaha, pour rio de Sanhadja, 5. Sara, pour Sahara. Ces « Arabes du

la rivière du Sénégal. La région décrite Sahara » ayant un grand nombre de cava-

semble devoir être identitiée avec celle ap- ]iers, élevant des chameaux, vivant de pil-

pclée actuellement Mauritanie el non avec iage, sont à identifier avec les tribus de la

le Sénégal. Mauritanie actuelle.

3. A’ocori(/o, dans le bouilli ; c’est-à-dire r /-•„.,„ ; j 7. > ■ 1 r

‘ O. Losla abaxo de lagauus, c esl-adirc :

que les indigènes préparent le kouskous „„ 1 „ i„ 1 1 >i 1 j t ■

■ . . en descendant la cote, au sud de lagaoust.

en faisant bouillir dans du lait de chamelle , n ■ ■

, • . • ■ 7- Les Portugais arrivèrent à Arftuin en

la racme nommée ci-dessous. ° °

 

Tagarrinho, mot venu de l’arabe guer-

 

i/ii3, et y fondèrent un fort l’année sui-
vante. Une partie de la poudre d’or du Sou-
nina *^^ par l’intermédiaire de l’espagnol dan s’écoulait par ce port.

 

272 1696

pora a parle do nasenlo atc Milillia’. Deiitro iia jurilissâo do Sus hc
a dila seiTa muilo povoada de adixares de mui(a gcnte. e antre ela
lia algum fogo’. Pelo pc da dita serra da parte de Sus, correm oito
cmgenlios d’asucar”, que sâo del lley.

Toda a mais terra do reine de Sus fora da serra lie nniilo povoada
d’alcaimas e aduares. Tem toda a terra muita gente de cavalo,
niamtimentos, rados e agoas.

 

Aniigamentc era custume ter el emperador com nome de rey
dcle hum liilio em Sus ; tirou o e pos ncle vizorey.

sus DA COllOA DE M.VUUOCOS.

Ha prezentassâo do visorey de Sus lie do fillio del Rey mais
velho que esta emFes, & isto, poi-que meteu el rey Molei Amete
algumas terras do reino de Fes na coroa de Marrocos*.

NUMERO DAS LEGOAS

Ql r. DA SIDADE DE TlirDANTE
HA A CADA m MA DAS POVOASÔEYS MAIUTIMAS E \0 SSEHTÀO,

so.uîri’AS A DrrA smADE cabessa do ueino de sus.

Da sidade de Trudande, cabessa do reino de Sus, ao marco do

dito reino e do de Marrocos, sam oito legoas.

(De Trudante a alcassava de Ans, sam doze legoas.)

(DeTrudantea alcassava de Hazaro, sam seys legoas.)

De Trudante ao porto da Praliya, porto de mar, sam doze

legoas.

1. L’auteur confond ici cnunscul massif plus donné en apanage avec le litre de roi
le Ilaut-.Vtlas, le Moyen-\tlas et le massif ii l’un des fils du Chérif ; le Sous n’est plus
riffain. Cf. Foucauld, pp. 97-102. qu’une vice-royauté à laquelle pourvoit le

2. Alguin fogo, c’est-à-dire: quelques lîls aîné du Chérif qui réside à Fez. Celle
gens ayant des armes à feu. attribution a été concédée à ce dernier en

3. Sur le commerce du sucre dans le Sous compensation de certains territoires qui ont
V. /” Série, France, t. I, p. io’i. été enlevés au royaume de Fez pour être

4. D’apri’s l’auteur, le pays de Sous n’est rattachés à celui de Merrakech.

 

DESCRIPTION DU MAHOn 2 73

De Trudanle a fortaleza Cabo-de-Ge, porto maritimo, lie liro de
bombarda maeys de doze legoas.

De Trudante a sidade de Messa, ria cosla do mar, sûo vinle
legoas.

De Trudante a sidade de Tagauus, na costa do inar, ha Iriiila e
sinco legoas.

De Trudante ao castelo d’Argim, sâo setenta e sinco legoas.

De Tagauus ha deradeira volta que o rio de Sanaha fas pela lera
dentro, sâo sento e setenta e sinco legoas.

\0MES DAS POVOASSOEYS DO IIEIN’O DE SUS

Costa do mar : A vila da Prahya. — O castelo Cabo-dc-Gc. —
(0 castello no alto tudo junto.) — A sidade de Messa. — A sidade
de Tagauus. — (O castello d’Argim, da coroa de Purtugal.)

iSo scrtani : A sidade de Trudante, cabessa do reino. — A serra
de Baibom, muito povoada d’adixares. — (A alcassava Azaro.) —
A alcassava Ans.

Os campos em baxo sam muilo povoados d’alcaimas e aduares.

Tem mais pela terra dentro alguma parle do canipo da Sara.

COMPRIMENTO DO REINO DE SUS

O reino de Sus tem de comprido oitonla e sele legoas, que correm
da serra de Baibom, que esta ao nassenle, na parte onde a dita
serra esta de Marrocos doze legoas, ate o castelo d’Argim, que esta
ao ponente’.

LARGUUA DO REINO DE SUS

O reino de Sus tem de largo vinte e seis legoas, que corem do
Cabo-de-Ge, que esta ao norle, ate aonde se devidem o mesmo
reino de Sus e o de Marrocos e Tagurere ao sul.

He o dito reino abundante de trigo, sevada, carnes, fruitas,
liagoas, azeite, algum de oliveira, muito de hum l’ruto que chamâo

I . Il n’est pas besoin de faire remarquer l’erreur d’orientation commise par l’auteur.
De Castries. II. — 18

 

27/i ‘S96

ar^cni’, ligumcs, orlalissa, taniaras que vcm de fora, algumas da
terra, manteiga, mel ; iiào Ihe fallào outras cousas de fora; tem
muita passa, amendoas, nozes, e muito asucar, conservas’.

 

III

 

REINO DE TEDULA

DECLARAÇÀO

Do rio dos Negros pera diante lie ajurdissam de Tcdula, & da
mesma sidade ao dito rio, sâo seis legoas. O dito rio dos Negros
he o marco de Tedula e do reino de Fes. E do dito rio e marco a
sidade de Tedula, sam desaseis legoas.

 

A sidade de Tedula ‘ esta fumdada em huma grande serra, e a
alcassava delà esta sobre humas altas e fragosas penedias, que a
fiisem muilo forte.

Toda a pruvinsia de Tedula nâo tem outra povoassâo mais que a
mesma sidade e a sua alcassava. Mas a dita serra sobre que esta
ascntada he ferlil de mantimentos, gado e agoa, e he muito povoada
de adixares grandes e de muita gente, e antre ela ha algum fogo,
gumias”, dardos, e bestas, e espadas. Corre esta dita serra ate Fes
e passa a Mililha”.

Do rio dos Negros, asi do marco de Marrocos como do de Fes,
ate a sidade de Tedula, e toda a mais terra de sua jurdissâo, he
campina scm ortas, nem olivacys, nem vinho. Mas e terra toda
muito povoada dalcaimas e aduares, & tem muita cavalaria, trigo,

I. /Irjem. Surcet arbre V.p.3l3, notes. identifiée- avec la kasba de Tadla.

3. La description du royaume de Sous 4. Sur cette arme V. p. 256, note 4.

finit au recto du fofio 47 ; le verso de ce 5. V. ci-dessus p. 372, note I. L’auteur

folio contient des poésies n’ayant aucun rap- est d’accord avec Foucauld : celte serra (le

port avec le Maroc. Moyen-Atlas) borne au sud la plaine de

3. La ville de Tadla semble devoir être Tadla. V. ForcAui.o, p. 100.

 

DESCRIPTION DU M VUOC 276

sevada c alguns ligumes. Tem grande criassào de todo o gado vacum
e miudo, c camelos ; e tem muita agoa.

A pruvinsia de Tedula esta de Marrocos pera Fes no mesnio
caminho, desla manelra.

Primeiramenle Marrocos, diante dele Tedula, e diamle delà
Micines, e emtam logo Fes, tudo em huma corda’: quem for de
Marrocos a Fes a de passar Tedula e Micines.

LEGOAS DE MARROCOS A TEDULA

De Marrocos a Tedula sam vinte e duas legoas.

LEGOAS DE TEDULA A SIIÇINES

De Tedula a Micines sào Irinta legoas e duas.

LEGOAS DE TEDULA A FES

De Tedula a sidade de Fes, sam cuarcnta legoas c duas.
Réside scmpre em Tedula hum filho del Rey^.

COMPRIMENTO DE TEDULA

 

A pruvinsia de Tedula Icin de comprido\

LARGURA DE TEDULA

A pruvinsia de Tedula lem de largo ‘.

 

JURDISSAM

Tem Tedula haraço c cutelo ‘.

1. Remarque très exacte. i. V. note ci-dessus.

2. Ce fut à son fils Moulay Zidàii que 5. Le gouverneur du Tadla a droit de
Moulay Ahmed el-Mansour confia, de son lacet et de couteau, c’est-à-dire: de vie et de
vivant, le gouvernement du Tadla. mort. — La description du royaume de

3. Lcrcnseigncment a manqué à l’auteur Tadla s’arrête ici, au folio 5o ; le verso de
qui a laissé ce passage en blanc. V. Note ce folio ne contient que des poésies ne se
critique, p. l’ii. rapportant pas au sujet.

 

27C iSgG

 

IV
REINO DE MICINES

DECLARASSÀO

 

A pruvinsia ‘de Micines, a que tam bem cliamâo reino’, esta de
Marrocos sincoenta e duas legoas’, e de Fes des legoas. Nâo ha nela
povoassâo mais que a mesma sidadede Micines’, que tem jurdissâo
per si, & resside scmpre nele hum filho del (Emperador com nome de
rey). E quando em tempo de suas pascoas* nâo esta na terra, sâo
obri”-ados os grandes delà iremnafazer a Fes, com fdho maisvelho
del Rey que réside emFes, por onde Micines esta posto na coroa do
reino de Fes; he resâo por que a mesma pruvinsia esta mitida
denlro na mesma terra de Fez.

 

A sidade de Micines hc grande e muito fcrtil de todos os manti-
mentos e carnes, c nmito frcsca de ortas, fruitas e agoas.

Gcntc. A genlc desta sidade lie muito branca. As molhcres sâo

maviosas e afeissoadas aos Cristâos. Pelo comtrairo os homcns qercm
grandissimo mal aos Xpistâos, e de sua condissâo sam malissimos ;
gente de poco trabalho e case todos mercadores c ricos.

1. Mekilus.aulompsoùccrivaiiraiitour villages».

(rtgne de Moulay Ahmed el-Mans,mr). (‘tall A . Pascoas. les piques musulmanes, c’est-

plutùt une résidence impériale pour l’un à-dire la fête appelée l’Aïd cl-Kebir cpii

des fils du Chérif qu’une véritable pruvinro tombe dans le mois de Dou el-Hiddja. Il

ou vice-royauté, car c’est ainsi <|uH faut est d’usage au Maroc qu’à l’occas.on de cette

comprendre ici le mot reino. fête, les souverains cbérifiens reçoivent

2. Évaluation erronée ; la distance de Mer- en grand apparat l’hommage de leurs vas-
rakech h Mekinès est à vol d’oiseau de 33o saux qui leur apportent des présents
kilomètres environ, soit 66 legous. (hedia). Lorsqu’au temps de l’Aïd el-lveb,r

3 . L’auteur se contredira un peu plus bas, le fils de l’Empereur, qui résidait à Mekines
en faisant rentrer dans la juridiction de avec le titre de Roi, ne se trouvait pas dans
Mekinès la plaine d’Azahar(Azghar)« cou- le pays, c’était une obligation pour les
verte de douars» et la montagne de Zarcom grands de Mekinès d’aller à tez rendre
(Zarhoun) « où se trouvent beaucoup de hommage au prince héritier.

 

DESCRIPTION DU MAROC

 

CAMPO D AZAllAR

 

■277

 

Ile da jurdissâo de Micincs todoo campod Azahar’, que lie grande ;
corre junto a Alcassar & Laraclie c Sale. Ile campo raso povoado
de alcaimas e aduares e de muila cavalaria, terra de muito pâo, agoa
6 criassam de todo o gado e eamelos.

 

SERRA DE ZARCOM

 

Senhorea mais a pruvimsia de Micines a serra deZarcom’, que
cav ao Norte, da banda do inar. Serra muito povoada de adi\ares,
e de muita gcnte, e de mantimentos e agoa.

DO RIO MORROBEA ATE MICIiS’ES

Todo O campo de Morobea ate Micines he terra câopina ; e em
alguma parte delà ha alguns outeiros baxos. He toda terra de muito
pâo, agoa, c eriassôeys de gado vacum e miudo, e eamelos. He
terra toda muito povoada de alcaimas e adixares e de muila gente
de cavalo.

COMPRIMENTO DA PRUVINSIA DE MICINES

A pruvinsia de Micines tem de comprido^

 

REINO DE FES

De Micines a Fes sâo des legoas, tudo terra campina mal povoada

de alcaimas. Ha nesle caminho cuatro ribeiras, humas grandes e

I. Azahar, Azgliar ; ce territoire ost à 2. Serra deZarcom, le djebel Zarhonn.

idcntifieravncceluiqu’occupcnlaujourd’hui 3. L’auteur a laissé en blanc les dimcn-

les Chorarda. les SoGan et les Khelol. Cf. sions du royaume de Mckinis. La descrip-

Ei.-OuFRÀM, pp. 172, 178 et li’io; Massi- tion de ce royaume finit au folio 53 V ;

GNON, p. 237. Ce dernier auteur identifie h le folio suivant numéroté 53′”» ne contient

tort, suivant nous, .Vzghar avecle territoire sur son recto et sur son verso que des poésies

actuel des Bcni Ilassen. étrangères au sujet.

 

278 iSgB

outras mais picenas. Chamasse a primeira. . ., & a segunda. . .,
&aterseira. . .,&acuarla*. . .. Hestaram humas das outras”. . ..
Antes que chcgem a Fes legoa e mea, estam duas alagoas grandes’
em que andilo patos, sixnes e outras aves. Hem mco das alagoas
estâo humas casas com duas torres. ChamâoseaCasa Branca\ Fe-las
Moley Mahamete% que foi o da batalha do campo d’Alcassere, por
qem el rey dom Sebastiâo se perdeu. Junto a huma das alagoas, da
parle do norte, estâo huns rochedos altos, de que say hum rio que
se dis o rio de Fes, porque passa pela sidade e emlra por baxo da
terra em todas as casas.

 

FES o NOVO

 

A sidade de Fes he grande e de grande trato, porque vem a ela
com mercadarias mercadores de muitas partes, de Purtugal, de Cas-
tela, de Fransa, de Ingalaterra, d’Argel, de Tremessem, de Gine, e
de todas as partes do mesmo reyno ; & esta a dita sidade devidida
em duas partes. A que se dis Fes o Novo esta sobre hum alto, e nele,
em terra rasa e alta, tem el Rey suas casas dentro n’alcassava, que
he sercada de muro, con sua cava d’agoa, com sete baluartes e neles
sua artelharia.

FES o VELHO

Ladeira abaxo dcsta mea parte da sidade, por hum vale, corre a
outra mea parte da sidade, que se diz Fes o Velho ; e por meo delà
passa o dito rio. Dizem que ha em Fes o Velho trezenlos e sesenta
e seis moinhos”, e moem todos com agoa do mesmo rio. Fes el rey
Moley Amete no campo de Fes sobre dous outeiros dous fortes (a que

I. Les noms de ces quatre rivières oui Croquis des environs de Fez.

été laisses en blanc par l’auteur. 11 est facile !i- Casa Branca, Medinct cl-Bcidha, le

de les identifier; ce sont en allant de l’ouest « Pala:;o reale délia CitiaBianca» de Léon.

à l’est : l’oued Bou Fekran, l’oued Djedida, Cotte ville uniquement administrative avait

l’oued Mehdouma et l’oued cn-Nedja. été fondée par les Mcrinides en 1276 ; elle

a. La distance de ces quatre rivières correspond actuellement à Darcl-Makhzen.

entre elles, qui d’ailleurs est loin d’être Cf. Massigson, p. 33L’i,etp. aaô: Plan de

égale, a été laissée en blanc par l’auteur. Fez au xyi^ siècle.

3. Ces marécages situés à une lieue et 5. Moley Mahamc le. Moulay Moliammrd

demie do Foz sur la route de Mekinos sont cl-Mcsloulch.

a identifier avec le lieu dit Ed-Douiat (les f). Il y en avait ^00 du tcTn[is do Léon

petits étangs). Cf. FLoriis de Roqui:v.\iki, L’.-Vhuc.ms (f. 87).

 

DESCRIPTION DU MAROC 27q

chamâo o Borge ‘), em que pos niuita artelharia, pera Ihe sojeitarem
Fes o Vellio. Fes o Novo, os baluartcs d’alcassava o vart-jam. Tem
el Rey nesta sidade fortes e aiielharia ; dizem que, resâo dos alevan-
tamentos, &. tambcm porque vindo Turcos a Fes”, o nâo emtiem,
e, emtrado o, os fortes do campo Ihe empidSo subir (a Fes o Novo).

CASARIA^ DE FES

Disem que a casaria de Fes he milhor que a de loda Rerberia.
DIsem que as casas sâo altas, muito bem acabadas por denitro ; e
muitas sâo sobradadas e com algumas janelas pera a rua, picenas e
estreitas, com seus anteparos de madeira redondos, e noies alguns
buracos pera vista. As ruas da dita sidade dizem que sâo estreitas c
sombrias, por causa da muita altura das casas ; mas disem que sâo
calsadas.

GENTE DE FES

A gente desta sidade he muito branca, c os homens ma gente
de gerra, e de ma dissistâo, inimigos capitaeys de Cristâos, final-
mente a mais ma gente de todos os reinos do Xarife, tirado a de
Micines, porque se afirma scr ainda pior. Ha antre os homens mui-
tos mercaderes de muito dinheiro. Tambem ha entre des muilos
ofisiaeys de todos os oficios e os milhores que ha em todos os reinos
do Xarife, prinsipalmente d’areos de cavalos\

 

As molberes desta terra sâo muito alvas, fermosas c bem despos-

1. Ces deux forts sont appelés aiijour- 3. Casaria, en arabe Aj^^-^aS, transcrit
d’hui Bestimim (bastion) Bab cl-Guisa et quelquefois CaiiarUi et avec l’article arabe :
Bestioum Bab el-Fetouh, du nom des portes Alcaycérie (Makmol, t. II, f” 87 v”). C’est la
près flesqiielles ils ont été élevés. piazza d’i mercaUinli de Léon (f. 38 v”), le

2. Lors de la lutte entre les Béni Meriu bazarcentraldeloulegrandcvillemarocaine.
et les cbérifs saadiens, les Turcs, appelés [f. Léon el Marmol constatent également
par Abou Hassoûn le souverain merinido, la réputation de Fez pour la fabrication des
vinrent en i55A mettre le siège devant Vez harnachements. Cette renommée s’est main-
et s’en emparèrent le 9 janvier. V. i”^ Série, tenue de nos jours, et la broderie sur cuirs
Franco, t. I, p. i53, note 2, in fine. occupe à Fez de nombreux ouvriers.

 

a8o 1596

tas, c tem todas os oUios pretos. Tratâosse milhor, asi das pessoas
como das casas, que as de toda Beibcria, &, no serem corlezans, sâo
bem déférentes dos homenscm ludo. Muito afeisoadas aos Ciistâos.

MANTIMENTO

He Fes terra muito fertil. Tem muito trigo, sevada e muitos
ligumes. Tem muita carne e muito aros, que o dâ a mesma terra.
Tem de todo o genero de aves. He muito fresco. Tem muitas ortas
e muitas fruitas : as vinhas como as de Purtugal. Tem muito azeite,
& boas saidas’. Tem a agoa do dito rio, que nâo he boa, por resâo
de deitarem nele todo o modo de emmundissias. Mas, de Fes como
cuarto de legoa, ha huma alagoa muito grande e fresca, de muita
agoa c boa; cliamasse a Solocia^

FES DOENTIO

Ile Fes muito doentio & muito sogeito a camaras, e sâo muito
pirigosas.

MANTIMENTO QUE NÀO SASTIFAS

uianliinento sastiftis pouco ”.

JIJDIARIA DE FES

Em Fes o Novo esta a .ludiaria, sercada de muro. IIos homcns
delà sam ricos, soberbos e iuimigos de Cristâos. Em cada hum ano,
no diaem que el rey dom Sebasliam, que Deos tem, se pcrdeu”, fes-
teiâo elcs, nâo trabalhâo, nem abrcm a Judiaria, vestense de fesla,
dâose bamcetes e visitâose huns a oulros, dâodo se os parabens de
se verem Hvres do poder dos Cefres, que quer diser descridos.

1. Le sens est probablement qu’il se fait de Fez dont les sources sont renommées.
dans la ville beaucoup de commerce et qu’il 3. Celte remarque semble en conlradie-
y a un grand écoulement des produits. lion avec ce qui a été dit au paragrapbo

2. So/ocifl, peut-être: Zalag (Zalagh). Le Mantimenlo.

djebel Zalagh est une montagne très voisine 4. C’cst-ii-dire le i août.

 

DESCRIPTION DU MAROC

 

IMAO TRATAMENTO

 

Sâo estes homens muilo mal Iratados dos Mouros ; fora da Jtidia-
ria, nâo calsâo sapatos, senào alparagate de corda’.

SUSSESSO’ DOS JUDEOS COM MOLEI ABADALA ‘ EM FES

Disem que em tempo de Molev Abadala, estando em Fes, se forâo
os Judcos a ele e llie dixerâo : porque avia de comsintir aos Cristâos
calivos vistirem bem e andarem calsados, que Iho defendece, que
por isso Ihe dariâo huma grossa peita, a que eles cliamâo garrama’.
El Rey vensido do emteresse, deulhe a palavra de sim, e recolheu o
dinheiro. Tinha el Rey hum Irmâo muito bom homem, que depois
por tempo adiante matou com huma touca”, avendo ambos jurado
de em nenhum tempo se serem traidores. Chamavasse este irmâo
del Rey o Brancinho. Mandou el Rey chamar o dito irmâo, e deulhe
conta do que com os Judeuus tinha passado. irmâo Ihe foi a mâo,
e Ihe disse que, primeiro que tal mâodasse, se emformasse dos Mou-
ros que na terra avia, que aviam estado cativos cm Purtugal, de
como seus senhores os tratavâo, e que asi o fisesse. Comvemsido
el Rey do conselho de seu irmâo, fes o que Ihe tinha dito, c, achando
boas emformaçôeys, mandou que os Xpistâos andacem como qises-
sem, e os Judeuus sem nada nos pes\ Depois, pera os mesmos
Judeuus alcansarem del Rey dentro na Judiaria traserem sapatos
ou chinelas e fora delà pela sidade ou seu campo alparagates de
corda, Ihe foi nessessario de novo a el Rey darenlhe outra peita.

MOLIIERES ABRAICAS

As molbercs dcstes homens sam fcrmosas, avisadas e bcm criadas.

1. En marge de ce paragraphe, mais silions à cITcctuer ; ce signe esl reproduit
visant tout le passage relatif aux .luifs, l’au- deux fois en marge du paragraphe.

teur a écrit : Este capUolo he do livra dos 3. Molei Abadala, Moulay Abdallah cl-

cusiiimes desla terra. Ghalib bl Allah (i557-l574).

2. Avant ce titre, l’auteur a de nouveau 4- Sur ce mot V. p. a57, note i .

mis cette indication : Islo se ha de passer ao 5. Matou com huma touca. c’est-à-dire:

livra dos custiimes, au-dessous de laquelle il l’étrangla avec un turban.

a place une croix, signe habituel de Iranspo- C. Celle obligation existe encore.

 

282 iBf)6

Tratâosse bcni. Sam muito afolçoadas aos Cristâos c pera com eles
muilo libcraevs de tudo. Mas tambem dam fassilmente pessoiilia a
hum homcin, como acomteseu em Fcs matarem muitos, asi iidalgos
como os que o nâo eram. As molhcrcs de Marrocos nâo uzâo dcsta
maldade. Antre as Mouras ha alguns destes desastres, e muitos
feitissos.

SENHOREA O REINO 11E FES

MUITAS TERRAS

COMESSANDO PERA A PARTE DE TREMESSEM ‘

 

Qualro legoas de Fes, ao pe de huma serra que se diz Soforom”,
esta huma vila do mesmo nome. Passalhe pelo meo hum rio do
propio nome. Tera de muito mâotimento e fruitas, &a nela muitos
Judeuus.

 

Des legoas de Soforom, esta outra vila, e catorze legoas de Fes,
que se dis Siligo’, muito fresca, c de muitas fruitas e mantimcnlos.
Atravessa a pelo meo o rio do Sabugo.

 

Des legoas de Saligo, e vimte e cuatro de Fes, esta outra vila

que se diz Almis*. Esta em terra campina, tem pào c pouca agoa.

I. Comessando pera a parte de Tremes- que par Léon à une montagne (f. 97) est

sem, c’est-à-dire: on commençant par la celui sous lequel on désigne aujounlliiii lo

partie limitrophe du royaume de Tlemcen, cours supérieur de l’oued Sebou, en amonl

ou, si l’on veut, par l’est. De Fez à Figuig, de la source Aïn Sebou. La localité nieii-

sous réserve du point de Sidi 13outim qui tionnéepar l’auteursembledevoirêtre idcn-

n’a pas été identifié, l’énumérallon est faite tifiée avec la decbera des Ait Ilammou sur

.suivant une direction S. S. E. l’ouod Guigou. V. Sego.nzac, p. l’io.

a. So/orom, Scfrou, cette ville est encore f\. La kasba d’.Vlmis esta 5o kilomètres,

renommée pour la beauté de ses vergers. soit à dix liejies portugaises, do la dechcra

3. Si/ijo, Guigou; ce nom (.Sc((7|yo) appli- des .Vil Ilammou.

 

DESCRIPTION DU MAROC 283

 

Qinze legoas de Almis, e Irinta e nove de Fez, por terra fragosa
emalosa, esta avila d’Outate’. Passalhcpelo meohum rio do inesmo
nome. He terra de muita gente e pouco pâo, porquc iiâo sameam
mais que aqilo que o rio pode regar. Tem azeile e alguma fruita.
Ha nela muitos Judeuus.

?IDI ISUTIM

Sinco legoas d’Outate, e cuaremta e cuatro de Fes, por campo
razo muito povoado de alcaimas, esta huma vila que se diz Sidi
Butim. Passa por meo delà hum rio do propio nome. Tem pâo,
gado, camelos ; nâo tem cavalos.

 

Vinte e sinco legoas de Sidi Butim, e sessenta e nove de Fes,
esta a vila de Figigi’. Passa por meo delà huma ribeira do mesmo
nome. Ile terra de pouco pam. Os povoadores delà sam Alarves do
campo da Sara.

RIO LUETESSA

Sete legoas e mea de Figigi, e de Fes setenta e seis e mea, esta
o rio Luetessa’, terra sem pam e semcriassôeys. Tem muita gente
de cavalo. Sam todos salteadoi’es, e disso vivem. mantimento
desta gente he tamaras, carne de camelos e laite das camelas, pam
o que roubâo por outras partes e se comem.

 

Sinco legoas do rio Luetasa, e de Fes oitcnta e huma e mea,

I . Outafe, Oulil Ouladel-Hadj, ou, com- loiiïa prrs fin conducnl de ce fleuve avec

 

me on l’appelle le plus souvent, en prcnan
le mol Oulàt dans son sens absolu ; El
Oulàl (forme vulgaire du pluriel du mo

 

c>’

 

ij pris substantivement avec le sens

 

l’oued Chegg el-Erd. Foucauld, p. 871.

2. Figuig est à plus de lioo kilomètres
de Fez, soit à plus de 80 lieues portugaises.

3. Litelessa, rivière à identifier, d’après
son nom, avec l’oued ez-ZA, mais toutes les

 

les plaines), grouped’unctrenlainedeksours distances de celte rivière à Figuig, à Fez et
situes dans le bassin supérieur de la -Mou- à Debdou sont erronées.

 

28.1 iSgfi

esta a sidadc de Diibudii’. Nâo lie grande, mas inuito forte, porque
cslafiindada sobre roclicdos altos c fragosos. Mas tem bonsaredores.
Tem iiiuito pâo e fruitas. Tein pouca agoa de fontes c possos. Tem
milita gente de cavale e bons cavalgadores. Tem Judiaria per si.
Dobudu e sua comarca foi amtigamente reino livre ; agora he de Fes
e a ele paga suas garramas. (O alcaide dele tem nome de vizorey.)

RF.INO DE TREMESSEM

Quinze legoas de Dubudu, e de Fes novenla e seis e mea, esta o
reino de Tremessein”, que antigamente foi dos reinos do Xarife.
Tomoulho o Turco. Parte o reino de Fes com o de Tremessem na
mcsma sidade de Tremessem, que esta na mesma araliya. Chegam
osTurcos muilas veses a garramarpor forsa de arma ate Dubudu.

TOUNÀODO A FES VFAW TAN’CEHE, MILILIIA, SEUTA & MAUROCOS ‘
RIO DE SABUGO

rio de Sabugo corre de levamte ao norte. De Fes ao dito rio
pera a parte d’Alcassere, sâo quatro legoas. Da ponte do mesmo
rio a Fes sam seis legoas.

 

De Fes a sidade de Tezar\ sâo quinze legoas. E todo o caminlio,
a huma c ouïra parte dele, he tudo campina e muito povoada de
alcaimas. Ehe terra de pâo, gado e agoa.

A sidade dcTezar he mean, e ha nela muitos ofissiacys de armas.

1. Du6«rfu, Debdou. Cette ville fut long- de Tlemcen était alors sous la domination
temps le siège d’vin petit royaume indé- des Turcs.

pendant. V. /” Sérje, Espagne, 1. 1, passi’m. ,3. Lapsus de rédaction. L’auteur décrit

— La distance de Debdou à Fez est sensi- le pays situé à l’est, au nord et au iiord-

blement de igo kilomètres, soit 38 lieues ouest de Fez, on s’étendant avec plus de

portugaises au lieu de8i, distance donnée détails sur la région appelée aujourd’lmi

par l’auteur. El-Gliarb.

2. L’auteur fait une simple mention du !t. Te;nr, Taza. La distance de Fez à Taza
royaume de Tlemcen qui no rentre pas dans est environ de 85 kilomètres, soit 17 lieues
le cadre do son ouvrage ; on sait que le pays portugaises.

 

nESCniI’TION DU MAROC 285

Anligamente Tezar foi reino com jurdissâo, como os mais de Ber-
beria. Ha pouce tempo que o Xarife o deu a seu neto, fillio mais
velho’ de seu filho Molei Xece que lie rey de Fes. Esta a dila sidade
a obidiensia do dito moço, (com nome de Ucy,) e de sua niâo tem
ncla bum alcaidc com gcnte de cavalo. Toda a terra de Tczar be
muito fertil de todos os mamtimentos e agoas.

 

Antre o norte e levante a traves de Tezar, des legoas dele, esta a
sidade de Bêles ‘\ fronleira de Mililba. Esta em Bêles bum alcalde
com gente de guarnissilo. Esta Bêles no reino de Fes; a dadiva
dele be do Xarife.

ALCASSERE VARIR

De Fes a Alcassere, sam trinta legoas. Tudo terra campina, de
muito pâo, gado, agoa e fruilas, & muito povoada de alcaimas e
de gente de cavalo.

Esta a sidade d’ Alcassere semtada em terra campina. He sidade
grande de serca, muito antiga e fraca. Esta no reino de Fes, mas
a dadiva delà be del Bey, e o alcaidc que resside nele be pelo mesmo
Bey ; e o rendimenlo da dita sidade c das terras a ela sofraganbas
bc pera a coroa de Marrocos. & dizem que rende todos os anos
sento c sincoenta mil onsas e milboria delas.

Tem Alcassere sele sentas lansas.

UIO DOS CAVALEIROS

Duas legoas do dito Alcassere, esta bum rio que se diz dos Cava-
leiros\ Corre pera Laracbc, onde se mete no mar*. Entra a mare
pelo dito rio ariba 1res legoas. A redor d’Alcassere ha muitas orlas,
fruilas, criassôcys de gado. He terra de muito pâo. Agoa, a do
mcsnio rio, e ncic niiiilo pescado.

I . Sur ce fils aîné de Moulay ech-Clieikh mètres de celle de Taza.
appelé Moulay Abdallah, V. i” Série. 3. fliodosCaua/ciros, l’oiicdel-Mekhizcn.

France, t. I, Tabl. Généal., PI. V, p. Sg^. ti. L’autour confond le cours inférieur de

2. Belcs, Badis. Cette ville est à iio kilo- l’oued Loukkos avec l’oued el-Mekhàzen,

 

j86

 

1696

 

LECOAS n ALCASSERE AOS LUGARES AREDOR DELE

Esta Alcasscre sinco legoas de Larache, & nove d’Arzila, & sele a
serra de Farrobo’, & sete a aldea Xeque Alhanbra^ & des a aldea
Angera, & qinze de Tangere, & dezaseis a Alcassere SegeF, iSc
dezoito a Tituam, & vinle e sinco a Seuta, & do porto da Maniora
dose, &: de Sale cinze.

 

Larache esta na costa do mar a boca de hum rio cm que emtra
a mare. Chamasse o rio de Larache ; cabem nele gahotas c navios
redondos; hc abrigado as tormentas.

Laiache he prassa forte, e grande escala de cossairos d’Argel e
do mesmo reino*. & vem a ele mercadores de Turcia & de Mar-
celha e de Ytalya. Esta a dita fortaleza no reino de Fes, mas a
dadiva dele he del Rey, e por ele esta na terra alcaide com dusentos
homens de guarnissâo. As rendas dele acodem ao cofre del Rey
que esta em Alcassere. Esta Larache de Arzila nove legoas.

 

A sidadc de Arzila” esta na costa do mar, sem bahya, mas de
muito roim desembarcassâo. As rendas delà acodem a Alcassere.
Esta Arzila no reino de Fes, mas a dadiva delà he do (Emperador”).

 

1 . Serra de Farrobo, Djelx-1 ol-Kh;irroub .

2. Xeque Allianbra. Cheikh el-ilamra.

3. Alcassere Segel, El-Ksar es-Seghir.
!\. C ‘est pour cette raison , pour en déloger

les Turcs, que les rois d’Espagne aspiraient
à posséder cette place. Comme l’auteur le
dit, elle était une vérltalîle échelle pour les
corsaires d’Alger; et cotte situation permet-
tait d’ouvrir des négociations avec le Chérif
en vue delà cession d’une place qui lui appar-
tenait si peu.

5. La ville d’Arzila fut évacuée par
ordre de Philippe II lo il! sopkMuhrc i.tSi).
Elle fut li\Téc à Moulav .\hined cl-Mansour,

 

malgré les instances des habitants qui
offraient de la défendre eux-mêmes. Phi-
lippe II, par la cession de cette place, vou-
lait mettre obstacle au prêt de 200 000 cru-
zadcs que le Chérif avait proposé de faire
au prétendant D. Antonio. Cf. El-Ouirâni,
pp. 263-264; Luiz de Menezes, Ilist. de
Portuy. restaur., t. I, p. 37.

6. Einperador, Moulay Ahmed cl-
Mansour, appelé empereur pour le distin-
guer de son fils Moulay ech-Cheikh, le
prince héritier, qui portait le titre de vice-
roi et souvent de roi de Fez. L’auteur avait
primitivement écrit : de el Rey.

 

DESCRIPTION DI^ MAROC 287

 

RIO TAGADARTE

 

Très legoas d’Arzila pera Tangere, esta o rio Tagadarle’, d’agoa
doce. Enitia a niaré por elc ariba inea legoa.

 

SERRA DO FARHOBO

 

Ti’es legoas do rio atras dito, esta a serra do Farrobo, que lie
grande e muito povoada de adixares. Deita de si sento e sincoenta
de cavalo bons ginetes. He teiTa fresca; tem fruitas, pâo & agoa.

 

ALDEA XECE ALIIAMIiRA

 

Ao pe da serra asima dita, da parte de Tangere, oito legoas dele,
esta liuma aldea que se cliama Xeque Alambra. He muito forte ;
saem delà sem de cavalo.

ALDEA ANGERA

Très legoas de Xeque Alhambra, esta outra aldea que se diz
Angera. Tera aie oito sentos homens de pe. Esta fundada em huma
serra, e pelo pe delà corre huma ribeira que se diz o rio d’ Angera,
corre ao mar junto a Alcassere Segel. Esta Angera de Tangere
sinco legoas.

ALCASSERE SEGEL

A sidade de Alcassere SegeP esta na costa do mar despovoado
antre Tangere e Seuta, très legoas de Tangere & quatro de Seuta.

OUTEIRO DE INFANTE

Mca legoa d’Angera pera a parle do meo dia, esta hum campo
grande, de grande pasto, e de muita agoa, e de muita criassâo de
gado vacuiii. \o meo desfe campo esta hum outeiro alto que se

1. Rio Ta^adar^e, l’oued Tahaddert. /ronleiVoi portugaises, fut évacuée en i55i.

2. El-Ksares-Seghir, une des anciennes V. i” Série, France, t. I. p. 4i2. note 5.

 

288 1^96

diz o ouleiro do laranle. Qucrem diser que. einirando naquelas
parles cm tempo passade hum Infanle de Puiiugal a coner aqucla
terra, indosse recolliciido com grandissima preza de honieus,
molberes, mininos, cavales, gades e outras cousas, viudo os Mou-
ros em seu alcanse, os nossos, por nam perdercm parte da prcsa,
Ibrào pelos Mouros dcsbaralados, calivos c inorlos.

 

Seis Icgoas de Xequc Alliambra, estaa sidade deXixuào’. lie terra
grande c forte. Tem quatre sentes de cavale e sem aliradores de pe.
Esta no rcino de Fes; a dadiva he del Rey.

 

De Alcassere a sidade de Tamgere, sam cinzc legoas. Taiigerc,
sidade maritima, lie da coroa de Purtugal’.

 

Dezoito legeas de Alcassere esta a sidade de Tiluâo, terra forle.
Antre a gente de cavalo e a de fogo, tem seis sentos liemens. Esta
do mar huma legoa, per hum rie ariba, em que emtra a mare, e
cm que dizcm que cabcm gales, mas que, pera enlrarem e sairem
no rie, a de ser com cressente e vazanle da mare. He Tituam terra
fresca de ortas, huilas, vinhas ; e os canqws dele ate Alcassere,
Larache, Arzila e Fes sam de muilo pâo, agoa, gades, cameles e
gcmle de cavale; a dadiva he del Rey.

 

Sele legoas de Tituâo, esla a sidade de Scula, lugar mariliino. lie
da coroa de Purlugal.

 

I. .YixiKÎO, Cliechaounn. Coltc ville est l’oued Tahaddert.
à 5o kilomètres environ derembouclmre de a. \. p. 2/12, noie

 

DESCRIPTION DU MAROC 28û

NOME DE TODAS AS SIDADES

VILAS, ALDEAS, POVOADAS E DESPOVOADAS,

MARITIMAS E NO SERTÂO

E AS! DE ALGUMAS SERRAS E RIBEIRAS DO REINO DE FES.

COMESSANDO DA DITA SIDADE DE FES

PERA A PARTE DE TREMESSEM PELO SERTAM.

Vilas. — Soforom. Siligo. Almis. Outate. Sidi Biilim. Figigi.

Sidades. — Dubudu. Tezar. Bêles. Alcassare Cibir. Xexuam.
Fes.

Sidades maritimas. — Larache. Arzila. Alcasero Segel (despo-
voado). Tituam. Sale. porto da Mamora, despovoado.

Aldeas. — O Farrobo. Xece Alambra. Angera.

Ribeiras. — A ribeira de Soforom. A ribeira de Sibgo. A ribeira
d’Outate. A ribeira de Side Butim. A ribeira de Figii^i. O rio Lue-
tesa. O rio de Sabugo. O rio dos Cavaleiros. rio de Laracbe. O
rio Tagadarte. A ribeira d’Angera. O rio de Tituâo. As alagoas da
Casa Branca. Qualro ribeiras pera a parle de .Micincs. O rio de
Fes.

Serras. — O Farrobo. Soforom. Dubudu. Angera. Oulciro dos
Infantes’. A serra de Sam Yoam’.

Afora isto, ha outras serras e ribeiras, cujos nomes nâo alcâos-
sei.

NUMERO DAS LEGOAS

QUE DA CIDADE DE FES, CARESSA DO DITO REINO, HA A TODAS

AS POVOASSÔEYS MARITIMAS E NO SERTÀO A ELE SOJEITAS.

COMESSA PELO SERTÂO PERA A PARTE DE TREMESSEM.

Vilas. — De Fes a vila de Soforom, sain qualro legoas.

De Fes a vila de Siligo, ba catorze legoas.

De Fes a vila d’Almis, sam vinte e cualro legoas.

De Fes a vila d’Outate, ba trinta e nove legoas.

De Fes a vila de Sidi Butim, sâo cuarenla c cuatro legoas.

De Fes a vila de Figigi, ha sesenta e nove legoas.

1. Outciro do Infante. V. p. 288. de celle serra de Sam Yoma qui devait se

2. L’auteur n’a pas encore fait mention trouver dans l’Andjora.

De Castkies. II. ui

 

290 iSgf)

Sidadcs no sorlâo. — De Fes a i^idade de Dubudu, sam oitcnla c
huma legoas e mca.

De Fes a sidade de Tczar, ha (jinzo legoas.

De Fes a sidade de Belcs, sam vinte e sinco legoas.

De Fes a sidade de Alcassere Cibir, ha trinla legoas.

De Fes a sidade de Xixuam, sam Irimta e seis legoas.

Sidades marltimas. — De Fes a Larache, sâo trinta c sinco
legoas.

De Fes a Arzila, ha trinta e nove legoas.

De Fes a Alcassere Segel, sâo cuarenta e scte legoas.

De Fes a Tiluam, ha cuaremta e oito legoas.

De Fes a Sale, sam dezasete legoas.

De Fes ao porto da Mamora, ha treze legoas.

De Fes a sidade de Tangere, que he da coroa de Purtugal, sâo
cuarenta e sinco legoas.

De Fes a sidade de Seuta, que he da coroa de Purtugal, ha sin-
coenta e sinco legoas.

De Fes a Mihlha, sâo cuarenta legoas.

Serlâo. — De Fes a Micines, sâo des legoas.

De Fes a sidade de Tremessem, ha noventa c seis legoas e

mea.

Aldeas. — De Fes a Xcce Alhambra, ha trinta e scte legoas.
De Fes a aldca de Angera, ha cuarenta legoas.
(De Fes ha aldea do Farrobo, sam) trinta c sete’.

AS LEGOAS QUE O REINO DE FES TEM DE COMPRIDO & DE LARGO

Tem O rcino de Fes de comprido sento e cuarenta e huma legoa,
que correm do rio Morrobea, que cay ao nasente% ate a sidade de
Tremessem, ao ponenlc’.

Tem odito reino de Fes de largo setenta legoas, que correm de
Larache, ao norle. ate o canqio da Sara, ao sul.

1. La distance ne se trouve indiquée de rédaction plutôt qu’une grossière erreur
qu’on marge et en chilîres. d’orientation. Lisez : ao ponenle.

2 . Ao nasenle : 11 faut admettre un lapsus 3. Ao poiienle, lisez : ao nasente.

 

DESCniPTIOlV DU MAROC

VT
CAMPO DE TEMESSENA’

 

jgi

 

Seis legoas de Sale, corre pera Marrocos e outras partes hum
campo fermoso e muito grande, que se diz Temessena. Terra loda
niuito poYoada de aduares e de muita gente de cavalo. Campo lerlc-
lissimo de muito trigo, sevada, & criassâo de todo o gado, e came-
los, cavalos, mel, e tem muita agoa e cassa de aves e porcos”.

SUSSESSO DE TEMESSEN\,V

Disem os antigos de Berberia que, em tempo que dentro Marro-
cos avia dous Reys, hum n”alcassava e o outro na sidade, a que na
aravia chamâo Belete\ & ambos governavâo, o campo de Temessena
era reino izento, e lansava de si perto de sincoemta mil de cavalo
e muita gente de pe. Mandando os reis de Marrocos vizitar a elrey
de Temessena por seus embaxadores, ibrào del Rey hem ressebidos.
Depois das primeiras vistas, o dito Rey, movido de maos conselhos
de seus governadorcs e conselliciros, llie fizerùo crer que os ditos
embaxadores erâo cspias; el Rey, movido de sanha, mâodando cor-
lar aos embaxadores as roupas e barbas, os deitou fora de seu reino
com esta afronta. Os reys de Marrocos, sentindo sua emjuria feita
nas pessoas de seus embaxadores, fizerâo entre siliga movendo gerra
contra el rey de Temessena, com juramento de nâo ergcrcm a mâo
delà ate nâo fazerem o dito reino, nâo tam somenle seu sojeilo e
matarcm a el Rey e seus vassalos lodos, mas de reino o lornarem
terras campinas c lavradias, como fizerâo e oje se ve.

Nos matos do dito campo, ha hôeys, omsas e oulros bichos. &
disem que, asentando hum rey de Marrocos n’acela parte com hum
exersito grande de muita gente de cavalo c de pe, a que na aravia

I. En marge, à hauteur de ce litre, tout ce passage devait être reporté au « Livre

l’auleur a mis une croix el a rf^pété ce des coutumes ».

signe trois fois dans la marge du paragra- 2. Porcos, pour: porcos monlc:es, san-

phc consacré au Temessena (Tàmesna), ce glicrs. Cf. Doutté, Merrdhech, pp. 42-^3.

qui semble indiquer que, dans son esprit, 3. Bctcte, blad, la ville, la cité.

 

292 ””•^’^’

chamâo almal.ala, osirvc no dilo campo luim anno, scm Ihc faltar
crcntedacom que ail cliegara, mas antes crcssendolhe sempre de
todas as partes do reino. Os manteve o dite campo de pâo e scvada
e carne, sem Ihe nunca faltar, nem erger em presso, nem fazer lalta
aoslavradores pera suassamenteiras e abastansa c sua sostemlassâo.
El Rey, quàodo dali alevantou, fes Ihe merse de os fazer livres de
nâo pagarem dcnlro em hum ano nenhuma renda.

O campo de Temessena comessa da outra parte do rio Morbea,
ha ponte e torrc, ate as portas de Tcdula, e ate emteslar com hum
campo que esta de Fes des legoas, que se chama Muncun. Corre ao
mar antre Sale e Anale, c emtesla com a Ducela.

 

Fim.

VII
REINO DE DARA

 

A pruvlnsla de Dara, a que chamâo reino, tem jurdlssam.
marco dantrc ela e Marrocos esta de Marrocos qinze legoas. He
huma serra que se dlz Glauhy. E nela esta huma fortaleza do nome
da mesma serra, prlmeiro lugar da dita pruvinsia’. & esta no mesmo
caminho.

 

nUZERZETE

 

Sinco legoas de Glauhy \ camhiho dlreito, csla outra fortaleza,
a que se chama lluzerzete’, terra forte, sadia ; lem pào, agoa &

 

tamaras.

 

, V supra, p. 237, not« ‘• ”””^ ^^ description du Drna, prendra pour

. Glauhy. pour : Kasbet cl-Guelaoui. uneforlale:a ou pour un lu^arpiccnodes d.s-

3.’ lluzerzeteelfUshasHurzc.cte,0»^r- tricU pop’-leux renfermant des cinquan-

zazat, district sur l’oued Idermi. L’auteur, taincs de villages.

 

DESCRIPTION DU MAROC 2g3

 

De Ilurzezetc cinze legoas, sobre huma serra aspcra que se
chaîna Dedes’, esta lium lugar piceno e forte, do nome da dita
serra.

MISQITA

Tornâodo a Hurzezete, dele sinco legoas ^ pcra a parte do mco dia
esta huma fortaleza que se diz Miscita ‘, em que réside sempre hum
alcaide por el Rey, com trezentas lansas. Tem todas estas terras
pâo, agoa & lamaras.

 

Sinco legoas de Miscita, esta outra fortaleza que se chama Ten-
zolim’. & nela réside hum alcaide por el Rey, com trezentas lansas
c dusentos arcabuseiros. Os campos e altos por esta parte sâo
povoados algum tanto d’adixares.

ELCITEUHA

Des legoas de Tenzolim, esta outra fortaleza, que se diz Elciteuha ^
Tem el Rey nesta terra alfandega, a que os Mouros chamâo Fedar
Drame”, que qer dizer casa de moeda, e nela Ihc pagâo os dereitos
das merradarias que de terra de Ncgros emtrâo em scu reino, em
amhar, almiscar, ouro cm po e escravaria. Env des legoas que
ha de Tenzolim a Elciteuha, ha algumas aldcas perto humas de
outras”, de muita c pouca gcnte, sem mais armas que cspadas e
alguns darclos.

1. Dedes, Dados. On compte dans ce 3. Miscila, Arczguila. Ce district compte
district 60 ksars principaux qui sont situes un grand nombre de ksars.

au fond de la vallée sur les bords de la rivière l^, Tenzolim, Tinzoulin, même remarque

portant le nom du district. Foucauld, p. que ci-dessus.

270; Castries, A’ofice sur ia région de Touerf 5. Elciteuha, Lcktaoua, môme remarque

riraa. p. i3. que ci-ficssus.

2. L’auteur, après avoir décrit le district 6. Fedar Drame, à identifier avec Dar
de Dadcs, revient sur .ses pas pour énumérer cd-Drabm. La traduction casa de moeda
les autres districts de l’oued Draa qui se donnée par l’auteur est exacte,
trouvent au sud de celui de Ouarzazat. 7. Ces quelques aidées menlionnccs pour

 

294 ^^96

 

RIO UETE GIIU

 

Mca legoa deXcnzolim, esta hum rio muito fresco e grande, a |

que chainâo IJcle Giri’; de huma e outra parte dele sâo tudo pal-
mciras. Passa o mesnio rio mea legoa da sidadedc TagLimadartc”.

A SIDADE DE TAGUMADARTE

A sidade de Tagumadarte he a cabessa da pruvinsia dita. Ile
povoassâo grande. iNâo ha nela alcaide nem guarnissâo. Esta de
Tcnzolim onze legoas, & de Marrocos trimta e seis. Todas as Icrras
de Dedcs ate esta sidade sam de muita agoa, fruitas, lamaras, ami,
courama de gado miudo ‘. Tem pouco trigo e sevada.

NOMÉS DAS VOVOASSÔEYS T>\ PRUVINSIA DE DARA

Primeiramente a sidade de Tagumadarte, cabossa da dita pru-
vinsia, onde rezide o vizorey.

Glauhy. Miscita.

Iluzerzete. Tenzolim.

Dedcs. IIelf|iteuha. |

rio Uete Giri.

NUMERO DAS LEGOAS

QUE IIA DA SIDADE DE TAGUJIADARTE AOS LUGARES SOJEITOS

A DITA PRUVINSIA DE DARA

De Tagumadarte a l’^lcitcuba, huma logoa.

mémoire: entre Tinzoulin ot LfklaoïKi l.ir- cIooik; quelquefois an district ilc l’Vzoualha ;

ment les importants districts do Teniata il s’étend sur les deux rives de l’oued Draa j

et do Fezouatha. entre le district de Ternata au nord cl celui

I. Uele Giri. Cette rivière ne pe\it être de Lektaoua au sud. C’est dans ce district

que l’oued Draa que l’auteur ne nomme pas que résidait la famille des chérifs saadiens

dans cotte description du royaume de Draa. avantson élévation au trône. Cf. Foucaild,

Cf. Massignon, p. 258. Il est d’ailleurs p. i.’io, El-Oufbâni, p. 23.
absolument impossible de siqiposer une con- .3. On sait que le Draa, comme le Tafi-

fusion avec l’oucd Guir. lelt, est renommé pour les cuirs (maro-

ji^ quins) qui sont préparés avec l’écorcc d’une

2. Tnjumnt/ark” JjjbU-‘î^ C’est le nom yari,;!,-, ,|,. Uiuiarix appelée lakaout.

 

DESCRIPTION DU MAROC 2q5

De Tagumadarle a Tenzolim, sam onze legoas.
De Tagumadartc a Miscila, lia dezasseis legoas.
De Tagumadarte a Dedcs, sain vinte e huma legoa.
De Tagumadarte a Huzerzele, ha trinta e seis legoas.
De Tagumadarte a Glauhy, sam cuarenta e huma legoa.
De Tagumadarte ao rio Uete Guù, ha des legoas e mea’.
De Tagumadarte ao rio Uete Giri, sam mea legoa.

A pruvinsia de Dara tem de comprulo vinte e sinco legoas, que
correm de Dedes, que esta ao nascntc, atc emtcstar com o campo
da Sara, ao ponente.

Tcni a dita pruvinsia de largo trinta legoas, que correm de
Gileuha, que esta ao norte, peraTafilete no mesmo camiJO da Ssara
ao sul ‘ .

VIII
A PRUVINSIA DE TA FILETE

Sesscrita legoas d’Elciteuha pera a parte do meo dia, esta a sidade
de Tafilcte\ & todaa terra da dita pruvinsia, a huma c outra parte,
ha muitas aldeas, humas grandes e outras picennas. Os homens nâo
tem mais armas que espadas e azagahyas.

Esta a sidade de Tafilcte no prinsipio do campo da Sara.

M.\NTIME>TO

Tem a dila pruvinsia em si algum trigo, sevada. Tem agoa
& muita laniara.

LEGOAS DE COMPRinO E LARGO DA PRUVINSIA DE TAFILETE

Tem a dita pruvinsia de coniprido trinta legoas, que correm da

1. Celle (lislancc de lo lieues et demie numcrolé 79′”‘, est occiipù par des poésies
est un lapsus que l’auleur a corrigé à la étrangères au sujet.

ligne suivante. 3. La villedeTafilclt, c’esl-à-dire Sidjil-

2. La description de la province de Draa massa, que l’auteur ne semble pas avoir con-
finit au folio 7g v. — Le folio suivant, nue sous ce nom.

 

296 iSgf»

mesma sidude de Turdele, que esta ao nassenle. pcra a parle de
Tagurere, ao ponente’, aoridenào lia povoassâo nom dcmarcassâo.
por ser no campo da Ssara.

Tem a dita pruvinsia de largo, de norte a siil. lodo o cpie nesla
comarca alcâosa do campo da Sara, Uulodespovoado, e sam campos
d’area (sem proveito).

Fim.

 

IX

 

CAMPO DA SARA

campo da Sara he grande e mal povoado por partes, e por ou-
tras de todo deserto, por screm campos d’area. Os abitadores deles
sâo de huma gerassâo que se dizem osGravys”, quehe da gerassâo
de huns alcaides que se disem os Bem Curzias\ E com huma de
duas irmans destes homens foi casado el rey Moley Amete, & com
a outra hum filho seu que se dizia Moley Balassem.

Estes homens do campo asima dito morâo em alcaimas espalha-
das pclo campo. Ile gente de cavalo, grandes saltcadores, e disso
vivem.

He este dite campo muilo grande c corre pcra as parles adianle
ditas, comessando da sidade de Tafdete, onde ele comessa.

LECOAS DA SAUA

Sus. — Corre pera a parte de Sus selenta legoas.
Tagauus. — Corre pera Tagauus trinta c sinco.
Trcmessem. — Corre pera Treincssem sesenta legoas.

1. Erreur do rétlaetion ou d’orionlntion. 3. Sur cette noble famille saharienne,
Le Gourara est au S. E. rlii ïafilelt. appelée lîouccroize parTreillault, Bon Cur-

2. Gravys. Oulad Graoïii, fraction des zia (Guadalajara, f. 86 v”), Bon Cresia
Ghenanema, trihu bcrb,’-rc arabisée qui (“Mendoça, pp. 178, 178, 180) et Bo Crasia
campe sur la Saoura entre Béni Abbts et (/’« Série, Angleterre, Relation. Ro. G.,
El-Ksabi. 1609), V. p. 209, note 4.

 

DESCRIPTION DU MAROC 297

Xamhy’. — Corre peraXaruhy, primeira terra de ïagucrrc, ses-
semla legoas.

Tunibo Cutun’. — E corre mais por dentro de terra de Negros
ate Tumbo Cutum dusentas e simcoenla legoas.

Tem este campo em roda qualro sentas e setenta c sinco legoas.

Fim\

 

REINO DE TAGURERE*

TAMAIMOMTE ^

Da sidade de Tafilete a Tamaimomte, cahessa do rcino de
Tagurere, dizem que sâo sento e des legoas”, que se caminliâo em
vinte e dous dias, a sinco legoas por dia.

 

Da mcsma sidade de Tafilete a Xaruliy, primeira povoassam
do reino de Tagurerc, sam sessenta legoas ‘.

[CAMIMIO DA SIDADE DE TATILETE FERA TAGUREUe]

Primeira jornada da sidade de Tafilete pcra Tagurerc. — Saindo
pela menham de Tafilete, cliegam ao meo dia a hum campo a
que chamâo Alameda’, onde tomâoagoa, & dalivamdurmir a outro

1. Xaruhy. Charoiiin. 6- La ville do Tafilclt (Sidjilmassa) est

2. Tumbo Citliin, Timboktou. approximativement à âoo kilomMrcs (100

3. La description du Sahara finil au folio lieues portugaises) de Timimoim.

Si^i». Le verso de ce folio ne contient que 7. Do la ville de Tafilelt (Sidjilmassa) à

des poésies, à l’exception du titre Rcino de Charouin la distance est de i5o kilomètres,

rnyiirere lequel est répété en tête du folio 83. L’auteur commet une erreur, plaçant Cha-

l. Tngttrere, forme berbère du mot Gou- rouin trop près de Sidjilmassa et trop loin

rara, moins usitée au singulier qu’au plu- de Timimoun.

ricl : Tigourarin. 8. Alamerla. El-Hamraada, plaine dénu-

5. Tamaimonle. Tlmimo\m. dée et pierreuse.

 

298 1896

campo onde ha liuns poços e canavcacys ; disom os Possos das
Canas’.

iNoslc iiiesmo lugar, ha huma alcassava despovoada, que se diz
Delfiran”, que qcr dizer ^h:)la dos Halos.

Dizem que os ha nesle kigar inuitos e muito grandes, que nam
deixam de dia nem de noite repouzar a gente que ah chega.

De Delfiram partem ao outro dia pela menhain, e vâo ao meo
dla dcscansar a hum campo que se diz Lainboganem\ aonde ha
agoa hum palmo debaxo da terra. Neste mesmo lugar estam aie ao
ouiro dia pela menham, que partem providos d’agoa pera très dias,
pela nâo aver nas très jornadas adiante. Pela quai resâo e da terra
ser muito qenle, acontesse nos ditos très dias morrer muita gente.
Ao terceiro dia destes très, chegâo a hum campo aonde estâo
huns possos e humas palinas, que se dizem os Possos das Palmas”.
Sâo de boa agoa e de huma brassa d’alto. Descansâo neste lugar
este dia que ali chegâo, ate mea noite que partem providos d’agoa
ate ao outro dia ao meo dia, que chegâo aonde a ha.

Dos Possos das Palmas, vâo ao outro dia ao meo dia a hum
campo que se dis , aonde ha huma ribeira seca e alguns pos-
sos de brassa e mea d’alto\ Agoa deles he como lama no sabor e mea
polme. Por esta parte, ha alguns aduares de Alarves, gente sem armas
e sem forsas\ No inverno pastâo os campos com camelos, por nâo
terem gado nem cavalos. Neste lugar’ estam a noite do dia que ali
chegam, ate ao outro dia as dose oras, que partem providos d’agoa
e vâo durmir ao Campo d’Area”.

Do Campo d’Area, partem pela menham sedo, e, em menos de

1. Possos rfas Canas. p-n arabe Hassian el- farljcl.

Ksob, point d’eau qui ne correspond à rien 5. Celte rivière à sec, où l’on trouve des

actuellement. puits d’une brasse et demie de profondeur,

2. Alcassava… Delfiran, Kasbetel-Firàn dont l’eau a le goût de vase et est à moitié
expression bien traduite par Mola dos Flulos. boueuse, est l’oued Guir.

3. Lainborjanem. Kl-Aïn Bou (îhanem, 6. La présence de douars et de troupeaux
point d’eau qui tire son nom des Ghena- de cbameaux porte à croire que l’itinéraire
nema, tribu de la Saoura ; il est voisin de coupe l’oued Guir près de El-Baharlal.
celui connu actuellement sous le nom de 7. A’esie hujar. Il s’agit de ce lieu dont
Megheimin. le nom a été laissé en blanc par l’auteur.

/|. Possos das Palmas en arabe: Ilassian 8. Cette plaine de sable semble devoir

cl-Djerid. Ce point d’eau, d’après l’itinc- élre identifiée avec les petits cri; sil\ics dans
raire suivi, doit être voisin de celui de Dje- la vallée d’Oglat Borda.

 

DESCRIPTION DU MAROC 299

meo dia, vâo descâossar a huma alagoa que se diz a Gilta’. & de la
vâo durmir a hum rio grande que se chama Luete Sora% muilo
povoado de alcaimas. Junto a este rio esta huma Zauhya^ em que
esta hum morabito, a quem a gemte do dito rio e alcassabas ao
diâote ditas tem hum modo de obidiensia.

Do rio atras dito, partem de madrugada, e vâo ao meo dia a hum
campo que se dis Ben Abes ”, donde providos dagoa vam a hum
campo que a nâo tem.

Do campo sem agoa, partem de madrugada, e \\\o ao meo dia a
huma defesa que na aravia chamâo Algaba”. Ha por esta parte mui-
tas alcassavas, e de muila e pouca gente, sem mais armas que dar-
dos.

Vâo desta def’essa durmir a Zauhya d’Amete Mussa”.

Desta Zauhya partem pela menham providos dagoa, c vâo antes
de meo dia a Zauhya Grande’.

E d’aqui vâo durmir a huma alagoa que se chama Gilta*.

De Gilta partem pela menham sedo, providos de alguma agoa, c
vâo ao meo dia a hum rio que se dis Huled Arafa” : e d’aqui vâo
durmir a hum lugar picenno que se dis Alcassibat ‘”. D’Alcassibat

1. Cctlegueltaesttrèsprobablcmentcolln (ihaha et Zaouia Kcbira (35 kilomolrcs
formée par le confluent de l’oued Guir et semble un peu forte pour avoir été francbic
de l’oued Saoura. dans un après-midi.

2. iiiefc Sora, l’oued Saoura. 7. Zauhya Grande, Zaouia Kcbira; ce

3. Il s’agit de la zaouia d’Igli qui a exer- point n’est autre que Kerzaz lui-même.

ce autrefois une grande autorité sur toute 8. Cette «Gilta «semble devoir être iden-

la région voisine. tificcavec la sebkha deTimmoudi. Le point

4. Ben Abcs, Béni Abbès. Cette plaine de de campement doit être Nechca en face de
Béni Abbès n’est autre que l’oued Saoura la route dite Meksem el-Melah. Cette route
rencontrée déjà par l’itinéraire. suivie de tout temps par les caravanes se

5. AIrjaba. El-Gbaba(la foret). On dési- divise en plusieurs autres dont l’une, celle
gnait sous ce nom dans la Saoura la série des indiijuée par l’anonyme portugais, aboutit
ksoursct des oasis qu’on rencontre entre Ta- auï Oulad er-Raffa (lluled .Vrafa).
metert et .\guedal. Les nombreuses kasbas f). Huled Arafa. Oulad er-Raffa. Petite
signalées par l’anonvmc portugais ne lais- oasis située sur un coude de l’oued Saoura,
sent aucun doute sur l’idenlificalion de cette rivière qucl’auteurscmblen’avoirpasrecon-
région. nue.

G. C’est la zaouia-mèrc des marabouts 10. Ce «lugar picenno» est encore dé-

de Kerzaz, dite Zaouia Kebira et située à signé par les indigènes sous le nom de EI-

12 kilomètres environ au nord de Kerzaz. Kscibat (les petites kasbas). C’est le lieu

C’est là qu’est enterré l’ancêtre de cette marqué El-Ksabi sur les cartes actuelles des

famille maraboulique. L’étape cnlrc El- Oasis Sahariennes.

 

3oo 1596

partem pela menlmm scdo, c vâo ao meo dia a huma alcassava que
se dis Metara’, que lie a cabossa das Alcassavas, rios e terras atras
ditas. E d’aqi, providos d’agoa do mesmo rio Luete Sora, que corre
pera esta parte, vâo durmir a serras d’area aredados delas hum
cuarto de legoa desta parte de ca^

Deste lugar, partem depois de ser dia claro, e chegâo ao meo dia
ahuns possos d’agoa boa de mea brassa d’alto. Chamâosse El-Melem^
Correm os ditos possos jjelo pe da serra ao comprido delà.

E provendosse neles d’agoa, no que Ihe resta do dia, passâo com
brevidade très serras d’area muito grandes e pirigosas, porque se
movem com o vento ‘ , e vâo durmir da outra parte das serras em hum
campo seco°.

Deste campo seco, sinco legoas delc, esta Haxaruhy”, primeira
povoassâo do reino de Tagurere. De Haxaruhy, sinco legoas dele,
esta a Zauhya de Tassafaut^ : e, outras sinco legoas, esta Taursi’ ; &
sincoenta legoas esta Tamaimonte’, que he acabeça do relno. Estas
duas alcassavas e zauhya cm roda estâo humas das outras sinco
legoas'”.

 

1. Metara, point difiRcile à identifier.
M. Martin, lieutenant à la compagnie saha-
rienne du Touat, a retrouvé près de Hassi
AbdaOali, à 12 kilomètres ausud deEl-Ksabi
(Alcassibat), et sur l’oued Saoura, une oasis
ruinée qui aurait autrefois été appelée El-

Medahar j^Jàl’ où l’on pourrait reconnaî-
tre les vestiges du Metara de l’anonyme
portugais. Toutefois les dimensions modes-
tes de ces ruines ne justifieraient pas le
titre de « capitale des kasbas, rivières et
terres, de la région depuis Igli jusqu’à
Ksabi » donné à ce K.sar.

2. Cette phrase caractérise assez bien la
région rencontrée entre Hassi Abdallad
(El-Metara) et El-Melem (V. note ci-des-
sous). En effet, en suivantcette étape, on re-
coupe successivement une série de petits erg
éloignés d’un ou deux kilomètres l’un de
l’autre.

3. El Melcm. point à identifier avec le

 

puits de Mallem.

4. Ces trois serras de sable très grandes
et très dangereuses sont les dunes do El-
Hamira.

5. Ce « campo seco », où l’on campe au
sortir d»s dunes, n’est autro qiio la Ilamma-
da qui précède Charouin.

6. C’est le nom déjà vu plus haut(V’ . p.
397, note i), mais contracté avec l’article.
Xariihy équivaut à Charouin, Haxaruhy
correspond à Ech-Charouin. La distance
donnée povir l’étape est exacte.

7 . Zauhya de Tassafaut. A identifier avec
Tasfaout.

8. Taursi, Taoursit.

9. La distance de 5o legoas est erronée,
il y a au plus 10 legoas de Charouin à
Timimoun. \ . p. 297, note 7.

10. Celte remarque est trèsexacle; les trois
points Ech-Charouin, Tasfaout et Taoursit
sont disposés sur le bord de la sebkha du
Gourara, à 28 kilomètres les uns des autres.

 

DESCRIPTION DU MAROC

 

3oi

 

reino de Tagiirere ‘ tein muitas serras d’area e velgas muilo
grandes, a vista dos olhos paressem rios : atolasse o pe na area ate
o giolho”. Quem ouver de caminhar por estas partes, a de ser coin
le\ar sempre agoa, porque, a falta delà, inorre multa gente.

 

AI.CASSAVAS

 

Disem que tem o l’elno de Tagurere tresentas e sessenta alcas-
savas, nâo conlando as que tem derubadas\ El Rey so em duas
tem guarnissâo : em Timis’, cabessa de luete, que lie hum rio “,
& em ïamaimonte, cabessa do reino.

 

Estâo as duas alcassavas Tamaimonte e Timis, cabessas do
reino, trinla e sinco legoas huma da outra”. Tamaimonte esta ao
sudueste, e Timis ao sues”. As outras povoasôeys sam grandes e
plccnas, mas todas de muita gente e mal armada, porque disem que
nâo tem mais armas que espadas e dardos de tiinne. Nâo tem
cavallos.

GENTE DV TERRA

A gente desta terra lie amulatada, e antre cla ha alguma branca.
Os homens sào covardissimos, porque, nâo tam somente nâo ousâo
rissistir aos soldados del lley, de qem sào muito vituperados, mas
nem ceixarse deles ousâo ao alcaidc que esta na terra, que he
causa de Ihe emtrarem em suas casas e faserem tudo o que Ihe
paresse. Os mais destes homens sam mercaderes ; tratam em

I. L’auteur décrit sous CR nom le Gou- 5. L’assimilation du Touat à une rivière

rara et le Touat. est très curieuse et en somme assez juste :

■>.. Ces plaines ressemblant à des rivières, les oasis du Touat sont plantées sur le bord

dans lesquelles on enfonce jusqu’au genou oriental d’une même rivière de i5o kilo-

et oii la privation d’eau se fait sentir, sont mètres dont une vaste sebkha occupe le

des sebkbas. fond, rivière qui n’est autre que le prolon-

3. Ce cliiffre de 36o kasbas n’est pas gement de l’oued Saoura.

exagéré, d’autant que les kasbas du Timmi 6. Cette distance de igâ kilomètres (35

sont comprises dans ce total. lieues) est un peu trop forte.

k. Timis, Timmi, pour: le Touat. 7. Sues, pour: sueste.

 

3o2 1596

Tremcsscm, e em Amcza’, c cm Argilaha”, e em Argel, reinos do
Turco, e tambcin em Marrocos c cm Fcs. Huns com oulros lie
génie muito comforme\

MANTIMENTOS, ORTAS, FRUITAS E AGOA

Ile Ici’ia Tagui’cic scni mais fnilla ([uc humas lamaras a que
chamâo daleles ‘. Tem alguma orla, em que Icm couves, nabos,
alhos, sebolas, abobaras. Tem pouco Irigo e sevada.

NOVIDADES OUATKO VEZES NO ANNO

CoUiem quatre veses no ano novidade. A primeira lie trigo e
sevada, que se samea a emxada. Recolhido, semeam paniso”,
que nâo esta na terra maisqe cuarcnta dias. Segado, semeam anil”.

 

Tem agoa, que corre por slma de outeiros a modo d’alcataras’.
Com ela regam estas novidades e ortas, mas cada liomem nâo
toma mais que conforme sua possebilidade, por rcsâo de pagarem
a cl Rey por cada anel* d’agoasctecrusados, de seisccnlos c cuarcnta
reais cada crusado.

 

Nâo ha nesla terra gado vacum ncm miudo, ncm câeys’. O

1. Ameza. peut-être le Mzab. 5. Il s’agit fie cette variété de panic cul-

2. Argilaha. pour EKiolea (régulière- livée dans les oasis sahariennes sous le nom
ment: El-Gueliâ). de bcchna (berbère: tafsout).

3. Observation très exacte. Les institu- 6. L’auteur indique seulement trois re-
tiens touatiennes qui se sont conservées coites.

dénotent un esprit d’organisation politique 7. C’est par des aqueducs souterrains

très sage et très supérieur à celui de la appelés foggara et aussi guettara que l’eau

plupart des sociétés musulmanes d(^ l’.V- arrive des hauteurs.

frimie du Nord. 8. L’ane! (annel) est une mesure valant

4. Le mot datel, daliU ([Aar. dateles, quairepcnnas; la penna est l’équivalent d’un
datiles) est inconnu au Maroc où l’on se tuvau ayant le diamètre d’une plume. La
sert exclusivement du mot arabe lamara mesure actuellement employée dans les
passé lui-même dans la langue portu- oasis s’appelle hahba.

gaise. 9. Avant l’arrivée des I”rançais dans les

 

DESCRIPTION DU MAROC 3o3

mantimento desta geiite he datilis c cuscus de scvada, e carne de
camelos (c leite de camelas).

vALiA DO :mantimento

QuSodo o aiio hc baralo, val hum alinude de Irigo quatio
lemeneas, que sam scsemta e cuatro reais. que say o alceire a
tresentos e vinte reaes, e o alqueire da sevada a dous tostôeys. Val
a sa das tamaras, que sâo dous almudes, dezasseis reaes. Trascm
de Tremessem a esta terra azeite, e val o ara tel dele seis vinteys.
Trasem mel e sevo, que tem a mesma valia, e manleiga. Tambem
Ihe levâo carneiros, camelos, e là. E a troco destas cousas, levào
da terra escra varia e tamaras.

De Tagurerc a Tremessem, fazem setenta legoas.

De Tagurere ao reino d’Argila’, fasem setenta legoas.

LEGOAS DE COMPRIDO E LARGO QUE TEM O REINO DE TAGURERE

O reino de Tagurere tem de comprldo sen[to] legoas, que correm
de huma alagoa que se dis Gilta, que esta ao nassente: setenta e
sinco legoas ate Tuete, que cai pouco fora do dereito ; e do dito
Tuetc correm as vinte e sinco cjue faltâo pera as scnto ate Tuerge”,
reino de Negros isento (qe esta ao ponente).

Tem o dito reino de largo simcoenla legoas, que correm do campo
de Tagauus que esta ao norte’,peraa parte de Tremessem ao sul\

Dos comfims de Tagurere sincoenla legoas pera a parte de Tuerge,
lie toda a terra despovoada ‘, aiiida que em algumas parles ha alguns
Alarves que tem criassôeys de camelos. E logo comessa o reino de
Tuerge.

Fi m.

 

oasis sahariennes, les ksouriens ne connais- 3. Tuerge, Touareg,

saient pas le chien. La remarque de l’ano- 3. Lapsus de rédaction. Il faut lire: aosul.

nyme portugais prouve que l’absence de /J. Lapsusdcrédaction. Ilfaullire:aoHor(f.

cet animal remonte au moins à plusieurs 5. Cette contrée désertique qui s’étend

siècles. dans la direction du pays des Touaregs

I. Aryita, El-Golea. n’est autre que le Tancurouft.

 

3o/i ‘^’9^’

 

XI

 

[REINO DE TUERGE]
Tuerie lie reino izcnlo. Os moradorcs dcle lie gente branc^

 

CUSTUME DOS MOMENS

 

Primeii-amente, neste reino nâo erdâo o reino os fillios de fdhos,
porque os nam am por seus ; erdâo os filhos das fillias. E o mcsmo
custiimc ha antre toda a gente do dito reino.

Quando el Rey qucr corner ou beber, cobrem Ihe os seus a
cabessa, por gravidade, corn hum aice’.

Os homens deste reino sâo grandes salteadores ; roubâo as cafe-
las e gente que passa por aqelas partes pera outra. Hc cuslume antre
eles nâo se verem os rostros, trazen-nos sempre cubertos. Andâo em
camelos e dormedairos. Vestein os homens humas roupas de couro
largas e compridas ate o peito do pe : chamâosse dorras’.

 

As molhercs nesta terra, em cuanto sam domzelas, amdâo nuas
de ludo e em cabelo. Nâo Irazem sobre si mais roupa que aredor da
sinla singido hum couro de dous palmos em comprido, feito em
liras muito miudas, e desta maneira casam ; depois que sam cmtreges
a seus maridos, eles Ihe dâo hum aice e nâo trasern mais roupa.

MANTIMENTO

Nâo sahem nesta terra que cousa he pâo nem no semeam. Seu
mantimenlo he carne de camelos, leite, manteiga e ceijos de
camelas.